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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Pessoas autistas são mais propensas a manter o emprego quando...

| Emily Willingham, Colaboradora | Forbes | 19/7/2013 |
Tradução: Argemiro Garcia


Infelizmente, esta notícia não irá para as manchetes sensacionalistas nem reunirá centenas de comentários apaixonados. Cientistas na Holanda analisaram os fatores que influenciam ou não uma pessoa autista ou uma pessoa com transtorno de déficit de atenção (TDA) a conseguir e manter um emprego. De acordo com Laura Geggel, escrevendo para o excelente site de notícias e pesquisas sobre autismo SFARI, os pesquisadores descobriram que
    "As pessoas com autismo têm quase seis vezes mais chances de encontrar um emprego quando vivem sozinhas ou com um parceiro do que com a família ou em uma residência grupal. E aqueles que vivem com a família são duas vezes mais propensos a conseguir um emprego do que aqueles em lares coletivos. A mesma tendência vale para manter um emprego por mais de seis meses.
Os autores também descobriram que um alto nível de apoio e positividade dos pais em relação ao trabalho são fatores importantes, e a idade (ser mais velho) também. Além disso, altos níveis de automotivação quanto ao trabalho são importantes. Realmente, a maioria desses fatores provavelmente se aplica a qualquer um de nós, autista, TDA, ou não.

Os pesquisadores também relataram que um QI elevado não fez diferença, na população estudada de 563 pessoas com idade entre 15 a 27 anos e autismo, TDA, ou ambos. Uma revisão anterior de 18 artigos tinha apontado o QI como fator de manutenção do emprego. Aqueles autores haviam analisado 17 possíveis fatores que influenciariam ou não as pessoas autistas a permanecer empregadas e concluíram que "a capacidade cognitiva limitada" era um fator em comum; em um dos estudos, a vida independente foi relevante. No estudo atual, da Holanda, o QI não afetou o sucesso do trabalho.

Não acho isso particularmente surpreendente. O desenvolvimento tem muitas facetas, e o cognitivo é apenas uma delas. Também nos desenvolvemos fisica, social e emocionalmente, e todos esses aspectos interagem entre si. Um ambiente altamente favorável pode levar a um forte desenvolvimento emocional que pode, por sua vez, impulsionar e apoiar a cognição e o sucesso pessoal. Mas limitações em outras áreas poderiam atenuar o potencial de um QI muito elevado. Cognição não é irrelevante, mas penso que o que dá a qualquer nível da cognição um impulso, um empurrão para perto do sucesso? Não é de se admirar que a automotivação, o apoio dos pais e a positividade mostraram-se importantes - e mais relevantes - para o sucesso no trabalho do que o QI, para as pessoas autistas.

Os autores sugerem que as pessoas autistas podem se beneficiar de apoio e aconselhamento profissional. Como não escreveram sobre autismo e as vacinas, os genes ou a poluição do ar, infelizmente, a possibilidade de que alguém venha a prestar atenção a suas sugestões é relativamente limitada. Isso é muito ruim, porque as pessoas autistas são subempregadas ou desempregadas em taxas muito mais altas que a população em geral embora, cada vez mais, as pesquisas sugiram que o autismo pode ter consigo muitas características desejáveis ​​em um empregado. Quando ignoramos esse potencial e, por causa de ideias equivocadas, desviamos recursos para longe de uma melhor compreensão e apoio às pessoas autistas, todo mundo perde.

Autistic People More Likely To Keep Jobs When ...
http://www.forbes.com/sites/emilywillingham/2013/07/19/autistic-people-more-likely-to-keep-jobs-when/


NOTA DO TRADUTOR: O artigo Maciel, M.M. e Garcia Filho, A.P. - Empregabilidade de pessoas com transtornos do espectro do autismo de alto funcionamento e síndrome de Asperger no Brasil, publicado no livro Síndrome de Asperger e outros transtornos do espectro do autismo de alto funcionamento: da avaliação ao tratamento, organizado por Walter Camargos Júnior, discute alguns aspectos deste tema.

Respeite este trabalho. Se for republicar algum texto, cite-nos como sua fonte e coloque um link: http://cronicaautista.blogspot.com/

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