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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Macacos geneticamente modificados para exibir sintomas de autismo

Mas não está claro o quanto os resultados correspondem à condição em seres humanos

| David Cyranovski | Nature, Vol. 529, nr. 7587, p. 449 | 25/1/2016 | Trad. Argemiro Garcia |

Macaco utilizado no experimento.
Os macacos de laboratório correm em círculos obsessivamente, em grande parte ignoram seus pares e grunhem ansiosamente quando encarados. Projetados para terem um gene relacionado com o transtorno do espectro do autismo em pessoas, os macacos são o modelo animal mais realista da condição até agora, dizem seus criadores. Os pesquisadores acreditam que os animais trarão novas maneiras de testar tratamentos e investigar a biologia do autismo. Mas o júri ainda está reticente sobre se a condição dos macacos corresponde ao autismo humano.

O autismo tem uma vasta gama de sintomas e tipos, e os investigadores pensam que pelo menos 100 genes desempenham algum papel. Os cientistas que conduziram o mais recente trabalho, publicado em 25 de janeiro na revista Nature (Z. Liu et al. Nature http://doi.org/bb3k; 2016), voltaram-se para o gene MECP2, relacionado com o autismo: muitos dos seus sintomas são encontrados em pessoas que têm cópias extras do gene (síndrome da duplicação do MECP2), bem como em pessoas que têm certas mutações neste gene (síndrome de Rett). Os pesquisadores já tinham criado anteriormente macacos para ter genes relacionados com o autismo (H. Liu et al. Cell Stem Cell 14, 323–328; 2014), mas esta é a primeira demonstração publicada de uma ligação entre os genes e o comportamento dos animais.

Voltando a 2010, a equipe que realizou o mais recente trabalho, liderado por pesquisadores do Instituto de Neurociências da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai, anexaram genes humanos MECP2 a um vírus inofensivo, que foi injetou nos óvulos de macacos-cinomolgos (Macaca fascicularis). Os óvulos foram então fertilizados e os embriões em desenvolvimento foram implantados em fêmeas. O resultado foram oito recém-nascidos geneticamente manipulados, cada um tendo uma a sete cópias extras do MECP2. Exames de outros macacos, natimortos, revelaram que as cópias adicionais estavam sendo expressas no cérebro. "Esse foi o primeiro momento emocionante", diz Zilong Qiu, biólogo molecular do Instituto de Neurociências e co-autor do artigo.

O próximo avanço veio cerca de um ano mais tarde, quando os macacos mostraram comportamentos que sugeriam autismo: correr de forma estranha em círculos fechados. "Se um outro macaco está em seu caminho, quer saltar sobre este, ou dar a volta, depois retornando à sua trajetória circular original", relata o co-autor Sun Qiang, biólogo reprodutivo do Instituto.

A equipe efetuou uma bateria de testes comportamentais que demonstraram que todos os macacos tinham, pelo menos, um sintoma semelhante a autismo, como um comportamento repetitivo ou anti-social, e que foram mais graves nos machos, como é observado em pessoas com as duplicações do MECP2. Mas isso ainda não era suficiente para ter certeza de que os macacos eram um modelo de autismo - e um artigo que a equipe submeteu para publicação em 2013 foi rejeitado. Entre outras coisas, os revisores queriam saber se o comportamento incomum era apenas resultado de mexer com o genoma. "Precisávamos mostrar que o gene faz a diferença", lembra Qiu.

Essa oportunidade veio com a geração seguinte de macacos, que a equipe criou com uma velocidade sem precedentes. Quando os macacos fizeram 27 meses de idade e ainda não estavam sexualmente maduros, a equipe de Sun tomou testículos dos machos, amadureceu o tecido artificialmente enxertando-o sob a pele do dorso de ratos castrados, e usou o esperma resultante para fertilizar óvulos de macacos não-manipulados. A prole apresentou comportamento anti-social em cerca de 11 meses. Genes e sintomas pareciam ter passado para uma segunda geração, finalmente convencendo os revisores, diz Qiu.

O modelo macacos-cinomolgos é "superior" a modelos de rato de autismo porque "apresenta mais claramente alguns dos comportamentos do tipo autismo", comenta Alysson Muotri, pesquisa de células-tronco, autismo e síndrome de Rett na Universidade da Califórnia, San Diego. Mas ele acrescenta que os sintomas em ratos e macacos ainda parecem menos severos do que "aquele que realmente observamos em pacientes humanos". "Continua necessário verificar se o modelo pode realmente gerar novos insights sobre a condição humana", diz ele.

Huda Zoghbi, pioneira dos estudos de MECP2 em camundongos no Baylor College of Medicine em Houston, Texas, é ainda mais cauteloso. Os macacos não imitaram alguns dos sintomas da duplicação do MECP2 em humanos, como convulsões e problemas cognitivos graves, observa ela. Poderia ser porque a expressão do gene no modelo de macaco é acionada por um mecanismo diferente que em seres humanos - uma limitação que os autores reconhecem - e ela aconselha cautela na utilização do modelo para fazer suposições sobre o autismo humano.

Qiu, entretanto, está animado com a perspectiva de usar o modelo para identificar exatamente onde no cérebro a superexpressão do MECP2 causa problemas. Sua equipe já está usando a tecnologia de imageamento do cérebro em macacos para identificar tais áreas. Em seguida, os pesquisadores planejam usar a técnica de edição de gene CRISPR para desligar as cópias extras do MECP2 em células nessas regiões e, em seguida, verificar se os sintomas similares a autismo param.

É pouco provável que essa técnica venha a ser aprovada para uso em pessoas tão cedo. Mas as regiões identificadas no estudo com macacos podem ser associadas a outros tratamentos existentes, como a estimulação cerebral profunda, que tem tido sucesso no tratamento da doença de Parkinson e da depressão. Uma vez que a estrutura do cérebro do rato é tão diferente da humana, Qiu diz que o imageamento dos macacos permitirá que mais paralelos possam ser traçados com os seres humanos do que permitem os estudos ratos. Trabalhando com um hospital de saúde mental, a equipe também está tentando identificar os genes ligados ao autismo que são mais comuns na população chinesa.

Se primatas não-humanos provarem ser um modelo útil para transtornos psiquiátricos, China e outros países que estão investindo pesadamente em pesquisa com esses animais, como o Japão, podem ganhar vantagem na investigação do cérebro. Muotri diz que tais estudos provavelmente não seriam feitos nos Estados Unidos, onde a investigação em macacos é mais cara e controversa. "China e Japão têm uma clara vantagem sobre os EUA nesta área", comenta.

Cyranovski, David – Monkeys genetically modified to show autism symptoms. Nature. Vol. 529, nr. 7587, p 449. Macmillan Publishers Limited.
http://www.nature.com/news/monkeys-genetically-modified-to-show-autism-symptoms-1.19228


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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Estudo aponta para recuperação de sintomas autistas na vida adulta

Artigos publicados em sites portugueses (Portugal Digital) (Move Notícias) (Revista PORT.COM) relatam que "é possível reverter sintomas do autismo na fase adulta".

Esses sites descrevem um estudo liderado conjuntamente por pesquisadores do MIT (Yuan Mei) e pela Universidade de Coimbra (Patrícia Monteiro), com apoio da Universidade Leste da China (Xian Gao), que analisaram uma forma de autismo associada ao gene Shank3, responsável pela síntese da proteína de mesmo nome.  Esta é uma proteína-andaime (scaffold protein) pós-sináptica que regula o desenvolvimento, funcionamento e plasticidade das sinapses, ao organizar a montagem do complexo de sinalização macromolecular da densidade pós-sináptica.

De acordo com o artigo, essa forma de autismo corresponderia a 1% (um por cento) dos casos dentro do espectro autista. O estudo foi realizado ao longo de quatro anos com camundongos alterados geneticamente. Nestes, o gene Shank3 causava comportamentos de tipo autista, como ansiedade, déficits de interação social e comportamento repetitivo. Foi gerado um novo gene para os animais, o que levou a melhoras na interação social e redução dos comportamentos repetitivos, ainda que a ansiedade e os déficits de coordenação motora não foram recuperados.

Estes resultados, segundo o trabalho, revelam o profundo efeito da ativação pós-desenvolvimento da expressão do Shank3 na função neuronal e demonstram certo grau de plasticidade continuada no cérebro adulto afetado.

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sexta-feira, 28 de março de 2014

Autismo começa na gravidez

| News-medical net | Março 27, 2014 |

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, na Escola de Medicina de San Diego e do Instituto Allen para a Ciência do Cérebro publicaram um estudo que apresenta uma nova evidência clara e direta de que o autismo começa durante a gravidez.

O estudo Patches of Disorganization in the Neocortex of Children with Autism foi publicado na edição online de 27 de março do New England Journal of Medicine. Os pesquisadores - Eric Courchesne , PhD, professor de neurociências e diretor do UC San Diego Autism Center of Excellence (Centro de Excelência de Autismo da Universidade da California, San Diego), Ed S. Lein, PhD do Instituto Allen para a Ciência do Cérebro, em Seattle, e o autor principal, RicH Stoner, PhD do UC San Diego Autism Center of Excellence – analisaram 25 genes no tecido cerebral post-mortem de crianças com e sem autismo. Isso inclui genes que servem como biomarcadores para os tipos de células do cérebro em diferentes camadas do córtex, genes implicados no autismo e vários genes de controle.

"Formar o cérebro de um bebê durante a gravidez envolve criar um córtex que contém seis camadas", disse Courchesne. "Descobrimos manchas focais de alteração do desenvolvimento dessas camadas na maioria das crianças com autismo". Stoner criou o primeiro modelo tridimensional de visualização de locais do cérebro onde áreas do córtex não tinham conseguido desenvolver o padrão de camadas de células normais. "A descoberta mais surpreendente foi a patologia de desenvolvimento precoce semelhante em quase todos os cérebros de autistas, especialmente tendo em conta a diversidade de sintomas em pacientes com autismo, bem como a genética extremamente complexa por trás da desordem", explicou Lein.

Durante o desenvolvimento inicial do cérebro, cada camada do córtex desenvolve seus tipos específicos de células, com padrões específicos de conectividade cerebral, desempenhando um importante e único papel no processamento de informações. Como uma célula do cérebro se desenvolve em um tipo específico, em uma camada específica, com ligações específicas, adquire uma assinatura genética distinta ou "marcador" que pode ser identificada.

O estudo constatou que nos cérebros de crianças com autismo, marcadores genéticos importantes estavam ausentes nas células do cérebro em várias camadas." Este defeito", Courchesne disse, "indica que a etapa inicial de desenvolvimento crucial da criação de seis camadas distintas com tipos específicos de células do cérebro - algo que começa na vida pré-natal - havia sido interrompido."

Igualmente importante, segundo os cientistas, esses defeitos de desenvolvimento inicial estavam presentes em manchas focalis do córtex, sugerindo que o defeito não é uniforme em todo ele. As regiões do cérebro mais afetadas por essas áreas de ausência de marcadores genéticos foram o córtex frontal e o temporal, podendo esclarecer porque diferentes sistemas funcionais são afetados entre os indivíduos com o transtorno.

O córtex frontal está associado às funções cerebrais de ordem superior, tais como a comunicação complexa e a compreensão dos sinais sociais. O córtex temporal está associado com a linguagem. As alterações das camadas corticais frontais e temporais observadas no estudo podem ser a base dos sintomas mais frequentemente observados nos transtornos do espectro autista. O córtex visual – uma área do cérebro associada com a percepção que tende a ser poupado no autismo – não apresentou nenhuma anormalidade.

"O fato de que fomos capazes de encontrar essas áreas afetadas é notável, uma vez que o córtex é mais ou menos do tamanho da superfície de uma bola de basquete, e nós examinamos apenas pedaços de tecido do tamanho de uma borracha de apagar lápis", disse Lein. "Isto sugere que estas anormalidades são bastante disseminadas por toda a superfície do córtex."

A coleta de dados para o Allen Brain Atlas, assim como para o BrainSpan Atlas of the Developing Human Brain foi desenvolvido por um consórcio de parceiros e financiado pelo National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental). Isso permitiu aos cientistas identificar genes específicos no cérebro humano em desenvolvimento que podem ser utilizados como biomarcadores para os diferentes tipos de células da camada.

As pesquisas das origens do autismo são um desafio, porque geralmente se baseiam no estudo de cérebros adultos, tentando extrapolar para trás. "Neste caso", Lein observou, "fomos capazes de estudar casos autistas e de controle em idade jovem, dando uma perspectiva única sobre como o autismo se apresenta no cérebro em desenvolvimento."

"A constatação de que esses defeitos ocorrem em manchas em vez de na totalidade do córtex, dá esperança, bem como uma visão sobre a natureza do autismo", acrescentou Courchesne.

Segundo os cientistas, essa heterogeneidade de defeitos, ao contrário de ser uma patologia cortical uniforme, pode ajudar a explicar por que muitas crianças com autismo apresentam melhora clínica com o tratamento precoce e ao longo do tempo. Os resultados suportam a ideia de que em crianças com autismo, por vezes, o cérebro pode religar as conexões e contornar defeitos focalizados iniciais, aumentando a esperança de que a compreensão dessas manchas podem, eventualmente, abrir novos caminhos para explorar como ocorre essa melhoria.

FONTE: University of California, San Diego Health Sciences

Autism begins during pregnancy, study reveals
http://www.news-medical.net/news/20140327/Autism-begins-during-pregnancy-study-reveals.aspx


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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Descoberta uma ligação entre autismo e genes do câncer

| Gina Kolata | New York Times | 13/8/2013 |

Pesquisadores que estudam duas condições aparentemente não relacionadas - autismo e câncer - inesperadamente convergiram para uma descoberta surpreendente. Algumas pessoas com autismo têm genes mutantes de câncer ou tumor que aparentemente lhes causaram a desordem neurológica.

Dez por cento das crianças com mutações em um gene chamado PTEN, que causam câncer de mama, cólon, tireóide e outros órgãos, têm autismo, Assim também metade das crianças com mutações nesse gene que podem levar a alguns tipos de câncer do cérebro e rins e tumores grandes em vários órgãos, incluindo o cérebro. Isto é muitas vezes a taxa de autismo na população em geral. A descoberta levou ao primeiro ensaio clínico de tratamento de crianças com autismo.

Sobre essa convergência, Evan Eichler, professor de ciência do genoma na Universidade de Washington, disse:

- "É estranho".

Ele e outros alertam que as descobertas se aplicam a apenas uma pequena proporção das pessoas com autismo; na maioria dos casos, a causa permanece um mistério. E, assim como em quase todas as doenças genéticas, nem todos com as mutações desenvolvem autismo, câncer ou outras doenças associadas com os genes, como a epilepsia, os cérebros dilatados e tumores cerebrais benignos.

Mas os pesquisadores dizem que os resultados são intrigantes: uma vez que não há animais que naturalmente tenham autismo, não há forma de analisar o que pode causar essa condição em cérebros em desenvolvimento e nem uma cura. A ligação recém-descoberta permitiu aos cientistas criar geneticamente camundongos com muitos sintomas desse distúrbio humano, o que levou ao primeiro ensaio clínico de um tratamento para crianças com autismo, utilizando a medicação que trata tumores com a mesma base genética.

Richard Ewing de Nashville, Tennessee, um garoto de 10 anos de idade que tem uma forma de autismo associada por um gene causador de tumor, está participando do novo estudo. Seus pais, Alexandra e Rick Ewing, sabem que ele tem risco de tumores no cérebro, coração, rins, pele e olhos. Mas a má notícia foi compensada pela sua elegibilidade para o ensaio clínico, que apenas começou. "Há uma grande diferença entre nós e o resto da comunidade do autismo", disse Rick Ewing. "Temos um diagnóstico genético honesto".

Nem todos concordam que a descoberta é tão promissora. Steven McCarroll, geneticista de Harvard, salienta que as crianças autistas com a mutação do gene do câncer têm "um cérebro que está falhando em muitos aspectos". O autismo nessas crianças pode ser uma manifestação de um mau funcionamento do cérebro em geral, disse ele, acrescentando: "O fato de que o autismo é um dos muitos problemas neurológicos que surgem nestes pacientes não necessariamente nos diz algo significativo sobre os déficits sociais e de linguagem que são típicos do autismo."

Mas outros cientistas que não estão envolvidos na pesquisa que produziu estes resultados dizem que o trabalho está mudando sua compreensão do autismo e por que ele se desenvolve. Como o câncer, o autismo pode envolver o crescimento descontrolado de células; neste caso, os neurônios do cérebro.

Foi Charis Eng, um geneticista do câncer da Cleveland Clinic, quem pela primeira vez notou uma surpreendente incidência de autismo em crianças cujos pais tinham a mutação PTEN (pronuncia-se pê-ten). Os pesquisadores descobriram que a taxa de autismo era de 10 por cento, cerca de 10 vezes mais do que seria normalmente esperado.

Ao mesmo tempo, os cientistas descobriram que outra desordem genética é ainda mais susceptível de resultar em autismo. Essa doença, a esclerose tuberosa, aumenta o risco de câncer do rim e um tipo de câncer no cérebro; metade dos pacientes com esclerose tuberosa têm autismo.

Embora genes PTEN e esclerose tuberosa não sejam os mesmos, fazem parte de uma mesma rede de genes que colocam um freio no crescimento celular. Desativar o PTEN ou um dos genes da esclerose tuberosa libera esse freio. Um resultado pode ser câncer ou tumores. Um outro pode ser uma trama anormal das fibras nervosas do cérebro e autismo.

Mustafa Sahin, do Hospital Infantil de Boston, decidiu testar se as drogas utilizadas para o tratamento de tumores causados por mutações no gene da esclerose tuberosa também poderiam tratar o autismo em pessoas com os mesmos genes mutantes.

Ele começou com camundongos, deletando genes da esclerose tuberosa em seus cerebelos. As fibras nervosas no cérebro dos animais cresceu descontroladamente e os ratos apresentaram comportamentos incomuns, lembrando autismo. Apresentaram movimentos repetitivos e esfregavam-se constantemente, tanto que, por vezes, deixavam sua pele crua. E, ao contrário de ratos normais, que preferem outros ratos a um objeto inanimado, estes ratos gostavam da mesma forma de um copo de plástico.

Mas a rapamicina, que tem como alvo o gene da esclerose tuberosa e bloqueia uma proteína envolvida na divisão celular, alterou os animais. Eles já não ficavam mais se esfregando compulsivamente e já não gostavam do copo de plástico tanto quanto dos ratos vivos. Os animais tiveram melhor desempenho em testes de aprendizagem e de memória, e o crescimento das fibras nervosas no cérebro foi controlado.

Agora, Sahin está ministrando uma droga similar, Everolimus, para crianças autistas com a mutação genética da esclerose tuberosa, para avaliar se ela pode melhorar suas habilidades mentais. Richard está entre as crianças. Cada criança toma do fármaco ou de um placebo durante seis meses. O estudo está previsto para ser concluída até dezembro de 2014.

Enquanto Eng começou com mutações do gene do câncer e descobriu uma ligação com o autismo, Eichler, da Universidade de Washington, começou com o autismo e descobriu uma conexão com os genes do câncer.

Ele se concentrou no que chama de "fora do autismo azul", que ocorre sem história familiar, recrutando 209 famílias com crianças autistas.

Ele viu uma diferença genética marcante. Comparado com seus pais e irmãos normais, as crianças autistas tinham duas a três vezes mais mutações que causam deficiência em um gene. Os genes mutantes eram muitas vezes parte de um processo que controla o crescimento celular. Primeiramente, os pesquisadores pensavam que o esse processo era onipresente e sua ligação com o autismo era obscura.

- "Ficamos um pouco desapontados", disse Eichler. "Então eu disse: "Espere, alguns desses genes são os genes do câncer!'"

Mas ele ainda não sabe se essas crianças com autismo também estão em risco para o câncer.

- "É obviamente uma questão importante", disse Eichler. "Mas é preciso deixar que a ciência respondê-la em primeiro lugar."

Os Ewing, cujo filho está no ensaio clínico de autismo, aprenderam a viver com a ameaça de tumor. Por enquanto, seus maiores problemas são lidar com o autismo de Richard.

Eles esperam que a droga vá fazer a diferença.

"Sempre acreditamos que Richard tinha muita coisa rolando em seu cérebro", disse Alexandra Ewing. "Sentimos que há um grande potencial inexplorado."

The New York Times

Autism link to cancer genes discovered
http://www.smh.com.au/national/health/autism-link-to-cancer-genes-discovered-20130813-2rtwv.html" target="nyt


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terça-feira, 24 de julho de 2012

Autismo, esquizofrenia e transtorno bipolar podem compartilhar fatores subjacentes

| Science Daily | 2/7/2012 | Tradução Argemiro Garcia |

ScienceDaily (2 de julho de 2012) -
Uma nova pesquisa liderada pelo Dr. Patrick F. Sullivan, membro do Real Colégio Australiano e Neozelandês de Psiquiatras e médico geneticista da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, aponta para um maior risco de transtornos do espectro autista (TEA) entre indivíduos cujos pais ou irmãos foram diagnosticados com esquizofrenia ou transtorno bipolar.

As descobertas se baseiam em um estudo de caso-controle utilizando registros da população da Suécia e Israel. O grau em que esses três transtornos compartilham uma base de causalidade "tem implicações importantes para clínicos, pesquisadores e pessoas afetadas pelos distúrbios", de acordo com um relatório de pesquisa publicada online em 2 de julho de 2012 na revista Archives of General Psychiatry.

"Os resultados foram muito consistentes em amplas amostras de muitos países diferentes e nos levam a crer que autismo e esquizofrenia são mais parecidos do que pensávamos", disse Sullivan, professor do Departamento de Genética e diretor de Psquiatria Genômica na Universidade da Carolina do Norte.

Sullivan e colegas concluíram que a esquizofrenia nos pais foi associada a um risco quase três vezes maior de TEA em grupos de Estocolmo e toda a Suécia.

Esquizofrenia em um irmão também foi associada a cerca de duas vezes e meia o risco de autismo no grupo nacional sueco e um risco doze vezes maior em uma amostragem de recrutas militares israelenses. Os autores especulam que a última descoberta de Israel resultou de indivíduos com esquizofrenia inicial precoce, "que tem uma maior recorrência entre irmãos."

O transtorno bipolar mostrou um padrão semelhante de associação, mas de magnitude menor, indicam os resultados do estudo.

"Nossas descobertas sugerem que o TEA, a esquizofrenia e o transtorno bipolar compartilham fatores de risco etiológicos", afirmam os autores. "Sugerimos que futuras pesquisas poderiam tentar discernir os fatores de risco comuns a estas perturbações."

Os coautores do estudo junto com Sullivan são Cecilia Magnusson, MD, PhD, Christina M. Hultman, PhD, Niklas Langstrom, MD, PhD, Paul Lichtenstein, PhD, Marcus Bowman, BS, Christina Dalman, MD, PhD, Anna C. Svensson, PhD e Michael Lundberg, MPH, do Instituto Karolinska, de Estocolmo, Suécia; Abraham Reichenberg, PhD, Kings College, Londres, Inglaterra, Michael Davidson MD, e Mark Weiser, MD, Sheba Medical Center e Universidade de Tel Aviv, Israel, Eyal Fruchter, MD Israel Defense Force Medical Corp, Ramat Gan, Israel.

O estudo foi financiado em parte pelo Conselho Sueco de Pesquisa em Vida de Trabalho e Social, o Conselho de Pesquisa Sueco e a Fundação Beatriz e Samuel A. Seaver.

Autism, Schizophrenia and Bipolar Disorder May Share Common Underlying Factors, Family Histories Suggest
http://www.sciencedaily.com/releases/2012/07/120702210216.htm

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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Gene que provoca déficit de atenção é ligado ao autismo

Novos genes identificados provocam outras alterações neuropsiquiátricas

Pesquisadores canadenses identificaram novos genes relacionados ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Desenvolvido em parceria pelo Hospital for Sick Children (SickKids) e Universidade de Toronto, o estudo indica ainda que esses genes têm ligação, também, com o autismo. A pesquisa foi publicada na edição on-line do periódico Science Translational Medicine.

Segundo o levantamento, os genes do TDAH estariam relacionados ainda a outras condições neuropsiquiátricas, como as desordens do espectro autista (DEA) – entre elas, o autismo e a síndrome de Asperger. Durante a pesquisa foram usados microarrays, ou chips de DNA, uma técnica experimental da biologia molecular que se caracteriza por lâminas de vidro nas quais segmentos de fita-única são fixados e imobilizados de forma ordenada e em áreas específicas. Na lâmina, cada célula de sonda contém milhões de cópias de um determinado transcrito, ou um segmento gênico em particular, que pode posteriormente ser identificado.

Os cientistas procuraram, então, por variantes no número de cópias (CNVs), que são inserções ou exclusões que afetam os genes, no DNA de 248 pacientes que não foram relacionados ao TDAH. Em três das 173 crianças das quais o DNA de ambos os pais estava disponível, eles encontraram CNVs espontâneos, que ocorrem quando os pais não são afetados - as mutações são novas apenas para a criança. CNVs raros que foram herdados de pais afetados foram encontrados em 19 dos 248 pacientes.

Dentro do grupo de CNVs herdadas, os pesquisadores descobriram alguns dos genes que haviam sido previamente identificados com outras condições neuropsiquiátricas, incluindo DEA. Para explorar essa sobreposição, testaram um grupo diferente para CNVs. Eles descobriram, então, que nove das 349 crianças no estudo que haviam sido diagnosticadas previamente com DEA, carregavam CNVs relacionados com o TDAH e outras desordens.

Conclusões – A descoberta dos pesquisadores sugere que alguns CNVs que desempenham um papel causal no TDAH, também demonstram genes de suscetibilidade comum no TDAH, no DEA e em outras desordens neuropsiquiátricas. “Como DEA, casos de TDAH são em grande parte únicos”, diz Russell Schacar, um dos coordenadores do estudo. “Pessoas carregando o mesmo CNVs podem ter sintomas diferentes, já que o risco não é sempre o mesmo”, diz.

De acordo com o estudo, a maioria dos indivíduos com TDAH também têm ao menos uma outra condição, como ansiedade, problemas de humor, desordens de conduta ou linguagem. Mais de 75% das pessoas com DEA também têm TDAH. “Muitos desses problemas associados provavelmente surgem do fato de que eles estão compartilhando o risco genético para diferentes condições”, diz Schachar.

De acordo com Stephen Scherer, coautor do estudo, os pesquisadores, em geral, não tendem a olhar através dos distúrbios com muita frequência, vendo neles diferentes sinais. “Esse método, talvez, seja uma das descobertas mais excitantes na genética neuropsiquiátrica e pode começar realmente a redefinir como pensamos sobre essas condições neuropsiquiátricas”, diz.

Para Schachar, esses são provavelmente os fatores genéticos que aumentam o risco para vários tipos de distúrbios neuropsiquiátricos. “É um enorme desafio para nós descobrir o que leva a um caso de TDAH e o que leva a um caso de DEA. Existem muitas possibilidades diferentes para explicar por que riscos comuns podem se manifestar em diferentes tipos de doenças" diz. Os pesquisadores esperam agora que novas investigações sejam realizadas para determinar essa relação de causalidade.

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/genes-do-tdah-estao-relacionados-com-autismo

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terça-feira, 19 de julho de 2011

Por que autismo atinge mais meninos que meninas

Gene que interage com hormônios pode explicar a diferença entre os sexos no autismo

| Janelle Weaver | 19 jul 2011 | Scientific American |


Autismo, um transtorno do desenvolvimento que causa déficits no comportamento social e na comunicação, afeta quatro vezes mais meninos do que meninas. Devido a esse desequilíbrio extremo de gênero, alguns cientistas postulam que os hormônios sexuais podem contribuir para a doença. Agora, pesquisadores identificaram pela primeira vez um gene que pode ajudar a explicar a discrepância de gênero e fundamentar alguns sintomas do autismo comum.

Em 2010, a bióloga Valerie Hu e seus colegas do Centro Médico da George Washington University descobriram que os cérebros de pessoas com autismo têm baixos níveis de uma proteína produzida por um gene chamado receptor-alfa órfão relacionado ao ácido retinóico (RORA). Agora, em um estudo publicado na PLoS ONE de 16 de fevereiro, relataram que esse gene interage com certos tipos de estrogênio e testosterona encontrada no cérebro.

Hu e sua equipe analisaram células neurais em laboratório. Eles descobriram que o RORA controla a produção de uma enzima chamada aromatase, que converte a testosterona em estrogênio. Mas em seus testes, a presença de testosterona fez com que o RORA ficasse menos ativo, levando a um declínio na aromatase e um acúmulo maior de testosterona. O estrogênio teve o efeito oposto. Em um cérebro normal, o equilíbrio dos hormônios sexuais regula a atividade do RORA e mantém os níveis hormonais constantes, mas qualquer desequilíbrio pode ser exacerbado por este loop.

Em seguida, os pesquisadores confirmaram que o tecido cerebral dos doadores que tiveram autismo de fato contém baixas quantidades da proteína do RORA e da aromatase. Os autores sugerem que uma deficiência nessas moléculas faz com que o ciclo químico entre num loop espiral fora de controle, resultando em um acúmulo de testosterona, que poderia causar autismo. Na maioria das mulheres, níveis mais altos de estrogênio poderiam protegê-las da desordem.

Além da influência do gênero, o RORA poderia estar envolvido nas anormalidades de rotina que caracterizam o autismo. Por exemplo, os ratos que não possuem este gene fixam-se em objetos e mostram comportamento exploratório limitado, similar a indivíduos com autismo. "Não acho que um gene sozinho vai explicar todas as patologias associadas ao autismo, mas RORA deixa de explicar bem pouco deles", diz Hu.

Why Autism Strikes More Boys Than Girls
http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=why-autism-strikes-more-boys-than-girls


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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Um possivel biomarcador para o autismo

Pesquisa oferece oportunidade para identificar genes ligados ao autismo

Irmãos de pessoas autistas apresentam um padrão semelhante de atividade cerebral àquele observado em pessoas autistas, quando olham para expressões faciais emocionais. Pesquisadores da Universidade de Cambridge identificaram a redução da atividade em uma parte do cérebro associada com empatia e argumentam que pode ser um 'marcador biológico' para o risco familiar de autismo.

O Dr. Michael Spencer, que liderou o estudo do Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade, disse: "Os resultados fornecem uma base para se investigar quais genes estão associados a este biomarcador. A resposta do cérebro à emoção facial pode ser uma peça fundamental entre as causas do autismo e as dificuldades associadas."

O estudo financiado pelo Conselho de Pesquisa Médica foi publicado em 12 de julho, na revista Translational Psychiatry.

Pesquisas anteriores mostraram que as pessoas com autismo muitas vezes lutam para ler as emoções das pessoas e que o processo de reconhecimento facial-emocional de seus cérebros se expressa de forma diferente das pessoas sem autismo. No entanto, esta é a primeira vez que cientistas observaram que irmãos de indivíduos com autismo têm uma redução semelhante na atividade cerebral quando veem as emoções dos outros.

Em um dos maiores estudos com ressonância magnética funcional (fMRI) do autismo já realizado, os pesquisadores estudaram 40 famílias que tinham um adolescente com autismo e um irmão sem autismo. Além disso, foram recrutados 40 adolescentes sem história familiar de autismo. Os 120 participantes fizeram ressonância magnética durante a visualização de uma série de fotografias de rostos que eram neutros ou expressavam uma emoção como felicidade. Ao comparar a atividade do cérebro ao ver um rosto feliz versus um neutro, os cientistas foram capazes de observar as áreas no cérebro que respondem a essa emoção.

Apesar do fato de que os irmãos de pessoas com autismo não têm nem esse diagnóstico nem o de síndrome de Asperger, eles mostraram redução da atividade em várias áreas do cérebro (incluindo aquelas associadas com empatia, a compreensão das emoções alheias e o processamento de informações de faces) em comparação com aqueles sem histórico familiar de autismo. O exame das pessoas com autismo e de seus irmãos revelou que as mesmas áreas do cérebro foram sub-ativadas em ambos, mas em grau diferente. (Essas regiões do cérebro incluem os polos temporais, o sulco temporal superior, giro frontal superior, o córtex pré-frontal dorsomedial e a área facial fusiforme).

Uma vez que os irmãos sem autismo diferiram dos controles apenas no fato de possuírem o registro familiar de autismo, as diferenças na atividade cerebral podem ser atribuídas a os mesmos genes que conferem aos seus irmãos o risco genético para o autismo.

Para explicar o porquê de apenas um dos irmãos desenvolver o autismo, quando ambos têm o mesmo biomarcador, o Dr. Spencer disse: "É provável que, no irmão que desenvolveu o autismo, passos adicionais ainda desconhecidos - como estrutura genética, cérebro ou diferenças de funcionamento - tomam lugar para causar autismo."

Sabe-se que em uma família onde uma criança já tem autismo, as chances de uma criança autista subsequente desenvolvê-lo são, pelo menos, 20 vezes maior do que na população em geral. A razão para o risco aumentado, e a razão pela qual dois irmãos podem ser afetados de forma tão diferente, são questões fundamentais ainda não resolvidas nesse campo de pesquisa. Os resultados do grupo do Dr. Spencer começam a lançar luz sobre estas questões fundamentais.

Professor Chris Kennard, presidente do quadro de financiamento para a pesquisa do Conselho de Pesquisa Médica, disse: "Esta é a primeira vez que foi demonstrado que uma resposta do cérebro a diferentes emoções humanas facial tem semelhanças em pessoas com autismo e seus irmãos. Pesquisas inovadoras como esta melhoram a nossa compreensão de como o autismo é passado através de gerações, afetando a alguns e não a outros. Esta é uma importante contribuição para a estratégia do Conselho de Pesquisa Médica de usar técnicas sofisticadas para descobrir o que sustentam os processos cerebrais, para entender predisposições para doenças e apontar tratamentos para os subtipos de doenças complexas como o autismo."

Para obter informações adicionais, favor contatar:
Genevieve Maul, Office of Communications, da Universidade de Cambridge
Tel: direta, +44 (0) 1223 765542, +44 (0) 1223 332300
Mob: +44 (0) 7774 017464
E-mail: Genevieve.maul@admin.cam.ac.uk

Notas dos editores:
  1. O artigo "A novel functional brain imaging endophenotype of autism: the neural response to facial expression of emotion" foi publicado na edição de julho de Translational Psychiatry.
  2. Autores: Michael D. Spencer, Rosemary J. Holt, R. Lindsay Chura, John Suckling, Andrew J. Calder, Edward T. Bullmore, e Simon Baron-Cohen.
  3. Instituições dos autores: Centro de Pesquisa de Autismo, Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, Cambridge CB2 8AH, UK, (http://www.autismresearchcentre.com); Unidade de Mapeamento Cerebral, Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, Cambridge CB2 0SZ; MRC Cognição e Unidade de Ciências do Cérebro, Cambridge CB2 7EF.
  4. Fonte de financiamento: Bolsa de Investigação (MRC, Clinician Scientist Fellowship, atribuído ao Dr. Spencer) a partir do Conselho de Pesquisa Médica (Medical Research Council - Reino Unido).
  5. Durante quase 100 anos, o MRC melhorou a saúde das pessoas no Reino Unido e em todo o mundo, apoiando a ciência de alta qualidade. O MRC investe em cientistas de classe mundial, tendo produzido 29 ganhadores do Prêmio Nobel, e sustenta um próspero ambiente para investigação, reconhecido internacionalmente. O MRC tem se focalizado em impactar e proporcionar suporte financeiro e conhecimentos científicos através de descobertas médicas, incluindo um dos primeiros antibióticos, a penicilina, a estrutura do DNA e a letal ligação entre tabagismo e câncer. Hoje, os cientistas financiados pelo MRC encaram investigação sobre os desafios de saúde mais importantes do século 21. http://www.mrc.ac.uk
Biomarker for autism discovered
http://www.eurekalert.org/pub_releases/2011-07/uoc-bfa071111.php
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terça-feira, 26 de abril de 2011

Um macaquinho "autista"

Dica enviada por Murilo Queiroz para a comunidade virtual Autismo no Brasil.
Semelhanças entre nós e nossos parentes primatas mais próximos - chimpanzés e bonobos - têm moldado a nossa compreensão do que significa ser humano. A última surpresa é Teco, um jovem bonobo que mostra comportamentos surpreendentemente semelhantes aos associados com o autismo.

Teco é filhote de Kanzi, um bonobo macho de 30 anos cujo uso de símbolos para se comunicar com os seres humanos o tornou famoso (Leia: Has Kanzi the Bonobo Really Learned Language? e If Bonobo Kanzi Can Point as Humans Do, What Other Similarities Can Rearing Reveal?). Os dois moram com outros cinco bonobos no Great Ape Trust, um instituto de pesquisa em Des Moines, Iowa, onde se realiza um estudo de longo prazo sobre a linguagem e cultura dos símios.

Pesquisadores do Instituto notaram que Teco era diferente tão logo nasceu. A maioria dos bebês-macacos reflexivamente agarram a pele da mãe, mas Teco, não. Teve de ser apoiado e carregado para não cair, o que tornou difícil para sua mãe Elikya cuidar dele.

Quando Teco fez 2 meses de idade, Elikya entregou o bebê para sua tia, como se estivesse pedindo ajuda. A tia, Panbanisha, trouxe-o para a equipe do Instituto, que assumiu a responsabilidade de criá-lo.

Foi quando começaram a perceber que ele mostrava vários sintomas de autismo, como: falta de contato visual, a estrita observância de rituais ou rotinas, comportamentos repetitivos e interesse em objetos em vez de contato social.

Um cobertor, por exemplo, tem de ser arranjado logo que Teco fica agitado, diz o diretor William Fields. Teco também mostra movimentos repetitivos semelhantes aos observados em algumas crianças com autismo.

"Ele parece fascinado por partes de objetos, como as rodas e outras coisas, e não teve o desenvolvimento da atenção compartilhada", acrescenta Fields. "O bebê evita o contato com os olhos - como se fosse doloroso para ele."

Nas pessoas, as diferenças nos movimentos dos olhos e no contato ocular são os primeiros sinais de autismo. De acordo com Fields, que estudou esses animais por mais de uma década, o contato visual é ainda mais importante para a comunicação social nos bonobos do que nos seres humanos.

Este mês, outro grupo de pesquisadores relatou que os bonobos têm circuitos neurais mais desenvolvidos do que os chimpanzés, nas partes do cérebro envolvidas com emoção e empatia. Essas regiões do cérebro, como a amígdala, o hipotálamo e o córtex pré-frontal, também apresentam diferenças nas pessoas com autismo.

O trabalho fornece uma espécie de contraponto para a história de Teco: se a estrutura do cérebro social é semelhante em seres humanos e bonobos, não é tão surpreendente que as anomalias sociais possam ser semelhante nas duas espécies também.

A equipe do Great Ape Trust pretende realizar uma análise genética de Teco e os outros seis bonobos na colônia. Eles já começaram o sequenciamento do genoma de Kanzi. Diferenças na sequência do gene ou sua expressão entre Teco e os outros bonobos poderiam ajudar a explicar outros sintomas dele e, talvez, oferecer uma ideia para o autismo em pessoas.

Os pesquisadores também começaram um equivalente bonobo da intervenção precoce, incentivando Teco a usar objetos de uma forma social - para jogar à bola com alguém, por exemplo, ao invés de apenas ficar perdido em examinar a bola consigo mesmo.

Eles também tentam atrair e reter o olhar de Teco, mesmo que isso signifique ficar no chão para que possam olhar para ele. Curiosamente, um dos outros bonobos, Nyota, usa a mesma estratégia de se envolver com o pequeno.

Estas manobras têm melhorado o contato ocular de Teco e seu comportamento social, embora ainda tenha outras características autistas.

"Há momentos em que ele parece completamente normal, e há outros em que fica claro quão diferente ele é", diz Fields, que fala como um pai de uma criança autista. "Ele é encantador e maravilhoso e nós o amamos, mas ele é diferente."

An ape with 'autism'
| Sarah DeWeerdt | Sfari | 15/4/2011 |

https://sfari.org/blog/-/asset_publisher/Jb6r/content/an-ape-with-autism


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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Gene ligado ao autismo encontrado no alcoolismo

Agência FAPESP - 5/4/2011

Uma pesquisa conduzida por um grupo internacional de dezenas de cientistas conseguiu identificar um gene que pode ter um papel importante no consumo de álcool. O estudo é destaque na nova edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Os pesquisadores analisaram amostras de DNA de mais de 26 mil voluntários em busca de genes que pudessem afetar o consumo de bebidas alcoólicas. Os resultados foram comparados com dados de outras 21 mil pessoas. Os participantes disseram quando bebiam por meio de questionários.

De acordo com os autores, encontrar uma variante genética que influencia os níveis de consumo de álcool pode levar a um melhor entendimento sobre os mecanismos por trás do alcoolismo.

O gene é denominado AUTS2, sigla para “candidato para suscetibilidade ao autismo número 2”. Estudos anteriores indicaram a relação do gene com o autismo e com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.

A nova pesquisa, liderada por cientistas do Imperial College London e do King's College London, verificou que há duas versões do AUTS2, uma três vezes mais comum do que a outra.

Indivíduos com a versão menos comum do gene bebem em média 5% menos álcool do que as pessoas com a versão mais comum, apontou o estudo.

O gene se mostrou mais ativo nas regiões do cérebro associadas com mecanismos de recompensa neurofisiológicas, o que sugere que possa ter um papel importante na regulagem na resposta à ingestão de bebidas alcoólicas.

Sabe-se que o consumo de álcool é parcialmente determinado geneticamente, mas até agora o único gene conhecido com contribuição significativa era um que decodifica a álcool-desidrogenase, enzima que quebra as moléculas do álcool no fígado.

“Claro que há muitos fatores que afetam quanto de álcool uma pessoa bebe, mas sabemos que os genes têm um papel importante. A diferença promovida por esse gene específico [AUTS2] é pequena, mas, ao descobrir o seu papel, abrimos uma nova área na pesquisa sobre os mecanismos biológicos que controlam a ingestão de bebidas alcoólicas”, disse Paul Elliott, da Escola de Saúde Pública do Imperial College London, um dos coordenadores da pesquisa.

“Uma vez que as pessoas bebem por motivos muito diferentes, entender o comportamento especificamente influenciado pelo gene identificado ajuda a compreender melhor as bases biológicas desses motivos. Esse é um passo importante em busca do desenvolvimento de prevenções e tratamentos individuais para o abuso de álcool e para o alcoolismo”, disse Gunter Schumann, do Instituto de Psiquiatria do King's College London, primeiro autor do artigo.

O artigo Genome-wide association and genetic functional studies identify autism susceptibility candidate 2 gene (AUTS2) in the regulation of alcohol consumption (doi/10.1073/pnas.1017288108), de Gunter Schumann e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da PNAS em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1017288108.

Gene ligado ao consumo de álcool
http://www.agencia.fapesp.br/materia/13685/divulgacao-cientifica/gene-ligado-ao-consumo-de-alcool.htm


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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Possível causa genética para autismo e epilepsia

| Juventud Rebelde | 17 de abril de 2011 |

Resultados mostram, pela primeira vez, o papel do gene sinapsina SYN1 no autismo e epilepsia, e reforça a hipótese de que a causa de ambas as doenças é devido a essa mutação.

Pesquisadores do Centro de Investigação CHUM (CRCHUM) identificaram um novo gene que predispõe seus portadores ao autismo e à epilepsia.

A equipe de pesquisadores liderada pelo neurologista Dr. Patrick Cossette encontrou uma séria mutação do gene sinapsina (SYN1) em todos os membros de uma numerosa família franco-canadense que padecem de epilepsia, incluindo, ainda, pessoas autistas entre eles.

Também foram estudados dois grupos de indivíduos de Quebec, o que permitiu identificar outras mutações no gene SYN1 entre 1% e 3,5%, respectivamente, de pessoas que sofrem de autismo e epilepsia, enquanto muitos portadores da mutação SYN1 exibiram sintomas de ambos os transtornos.

"Os resultados mostram, pela primeira vez, o papel do gene SYN1 no autismo, além da epilepsia, e reforça a hipótese de que a causa de ambas as doenças se deve a esta mutação que desregula a função sináptica", diz Cossette, que é também professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Montreal. "Até agora, nenhum outro estudo genético humano tinha mostrado isso", acrescentou.

As diferentes formas de autismo têm origem genética, e quase um terço das pessoas com autismo também sofre de epilepsia. A causa dessa comorbidade não é conhecida. O funcionamento do gene sinapsina desempenha um papel crucial no desenvolvimento da membrana que envolve os neurotransmissores, também conhecido como vesículas sinápticas. Estes neurotransmissores asseguram a comunicação entre os neurônios. Ainda que, anteriormente, já tivessem sido identificadas estas mutações em outros genes envolvidos no desenvolvimento das sinapses (a união funcional entre dois neurônios), este mecanismo, em particular, nunca havia sido demonstrada na epilepsia humana até o presente estudo.

Os resultados deste estudo foram publicados na última edição online da Human Molecular Genetics.

Fonte:
http://www.juventudrebelde.cu/ciencia-tecnica/2011-04-17/se-descubre-la-causa-genetica-comun-del-autismo-y-la-epilepsia/
http://noticiasdelaciencia.com/not/927/se_descubre_la_causa_genetica_comun_del_autismo_y_la_epilepsia/

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terça-feira, 22 de março de 2011

Proteína do cérebro pode explicar o autismo

| BBC News | 20/3/2011 |

(Enviada para a Comunidade Virtual Autismo no Brasil por Mônica Accioly)

Cientistas da Universidade Duke, na Carolina do Norte, mostraram como uma única proteína pós-sináptica pode desencadear transtornos do espectro autista, interrompendo a comunicação eficaz entre as células cerebrais.


A equipe criou ratos "autistas" através da mutação do gene que controla a produção dessa proteína, Shank3. Os animais apresentaram problemas sociais e comportamento repetitivo - ambos sinais clássicos de autismo e condições relacionadas.

O estudo da Nature traz a esperança de um primeiro tratamento efetivo com medicamentos.

O autismo é uma desordem que, em graus variados, afeta a habilidade das crianças e dos adultos para se comunicar e interagir socialmente.

Enquanto centenas de genes ligados à condição têm sido encontrados, a combinação precisa de genética, bioquímica e outros fatores ambientais que produzem o autismo ainda é incerta.

Cada paciente tem apenas uma, ou um punhado, dessas mutações, tornando-se difícil o desenvolvimento de drogas para tratar a desordem.

A Shank3 é encontrada nas sinapses - as conexões entre os neurônios que lhes permitem comunicar-se uns com os outros.

Os pesquisadores criaram camundongos que tinham uma forma mutante do Shank3, e descobriram que esses animais evitavam interações sociais com outros ratos.

Eles também trabalham nos comportamentos repetitivo e autoagressivo.

Circuitos cerebrais

Quando a equipe do MIT analisou os cérebros dos animais, encontrou defeitos nos circuitos que ligam duas áreas diferentes do cérebro, o córtex e o estriado.

Acredita-se que conexões saudáveis entre essas áreas seriam a chave para a eficácia da regulação dos comportamentos sociais e da interação social.

Os pesquisadores dizem que seu trabalho reforça apenas o importante papel que a Shank3 desempenha na criação de circuitos no cérebro que embasam todos os nossos comportamentos.

O pesquisador chefe, Guoping Feng disse:

-"Nosso estudo demonstrou que a Shank3 mutante em camundongos leva a defeitos na comunicação neurônio-neurônio." E continuou:

-"Estes resultados e o modelo de rato agora nos permitem descobrir com precisão defeitos no circuito neural responsável por estes comportamentos anormais, o que poderia levar a novas estratégias e metas para o desenvolvimento do tratamento."

Acredita-se que apenas uma pequena percentagem de pessoas com autismo apresentam mutações da Shank3, mas o Dr. Feng acredita que muitos outros casos podem estar ligados às perturbações em outras proteínas que controlam a função sináptica.

Se for verdade, ele acredita que será possível desenvolver tratamentos que restaurem essa função, independentemente de a proteína ser defeituosa em um indivíduo específico.

Carol Povey, diretora do Centro para Autismo da National Autistic Society, considerou que:

-"As pesquisas com animais podem ajudar a avançar nosso entendimento ou o papel da genética e sua influência no comportamento. No entanto, são apenas uma pequena parte do quadro, quando se trata de compreensão do autismo. Cérebros humanos são muito mais complexos do que os de outros mamíferos, e acredita-se que uma variedade de fatores são responsáveis pelo desenvolvimento da condição (autista)".

Protein found in brain cells may be key to autism
http://www.bbc.co.uk/news/health-12759587


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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Autismo de proveta?

O primeiro bebê de proveta nasceu em 1978. Desde então, o método se tormou corriqueiro. Estima-se que um por cento dos bebês dos Estados Unidos nasçam por esse sistema. Agora, pesquisadores da Escola Sackler de Medicina da Universidade de Tel Aviv (Israel), estabeleceram uma correlação entre as crianças assim concebidas e o autismo.

Conforme a pesquisa observou, das 461 crianças com autismo estudadas, 10,5% eram bebês de proveta, enquanto a porcentagem de autistas (3,5%) em relação à população total de Israel. No entanto, embora esses números estejam sendo divulgados no site da Universidade, nota-se um valor extremamente elevado, pois a taxa mais alta já apresentada de autismo na população americana é de 0,6% (um em cada 150) - nota do Crônica Autista.

O estudo não fecha nenhuma conclusão, mas apresenta questões importantes, diz a pesquisadora que coordenou o tabalho, Dra. Ditza Zachor: "É cedo para deduções baseadas apenas nessa evidência". Ela cita outros fatores relacionados ao nascimento, como baixas taxas de natalidade e prematuridade. Os próximos passos deverão se voltar para a separação desses fatores de risco.

A chave pode estar no "imprinting", um processo bioquímico que acontece na divisão celular e determina quais genes serão "expressos" no embrião. Pesquisas em epigenética — as mudanças na forma com que os genes se expressam sem que haja mudanças na sequência do DNA — sugerem que más formações podem ser causadas por alterações no imprinting introduzidas no embriãoainda no ambietnte da proveta, explica a Dra. Zachor. Uma desordem ligada à fertilização in vitro pode ser a síndrome de Angelman.

Mesmo assim, a médica lembra que a inseminação artificial, na maioria das vezes, resulta em crianças saudáveis e, por isso, sua pesquisa não deve servir para desencorajar a fertiliaação artificial.

A Dra. Zachor lembra que as mães estudadas tendiam a ser mais velhas — idade média de 32,6 anos. Significantemente, quase 4% das crianças autistas nasceram prematuramente e cerca de 5% apresentaram baixo peso ao nascer, enquanto na população em geral, essa condição surge em apenas 1% das crianças.

Apesar desses riscos, há o que fazer para evitá-los. Os profissionais da Saúde, por exemplo, podem recomendar aos casais que retardem a fertilização in vitro, mesmo com o stress psicológico que isso acarreta. Muitos pesquisadores acreditam que a fertilização natural seja a melhor forma para reduzir tais efeitos.

"Muitos casais com problemas de fertiilidade escolhem esses procedimentos, mas precisam saber se há o risco de autismo", conclui a Dra. Zachor. Ela ressalta, entretanto, que as mulheres que buscam tratamentos para a fertilidade não precisam temer os procedimentos in vitro: a maioria das crianças assim geradas não apresentam autismo e muitas crianças com autismo não são fruto da inseminação artificial.

Crianças concebidas por métodos artificiais têm mais tendência ao autismo
| DONNA | Zero Hora | 28/09/2010 |

http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/donnadc/19,0,3055702,Criancas-concebidas-por-metodos-artificiais-tem-mais-tendencia-ao-autismo.html

Autism in a Test Tube?
http://www2.tau.ac.il/news/engnew.asp?num_new=1842


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terça-feira, 30 de março de 2010

Corte decide contra patente de gene humano

Uma corte novaiorquina decidiu no dia 29 de março passado que as patentes de dois genes ligados ao câncer de mama são inválidas.

A decisão abre questionamento sobre cerca de duas mil outras patentes de genes humanos. Os advogados da American Civil Liberties Union (ACLU), que iniciou o caso, explicam que genes são descobertos, e não inventados; assim, não é correto que possam ser patenteados.

As patentes cobririam variantes de dois genes, o BRCA1 e o BRCA2, que aumental a chance de uma mulher desenvolver o câncer de mama. Argumentando que os genes são naturais, e não criados, a ACLU e seus apoiadores expressaram a preocupação de que uma mulher pudesse ser proibida de testar seus genes caso a patente fosse aprovada. Tendo a patente dos genes a Myriad, empresa que pleiteava a patente, poderia impedir que outras empresas desenvolvessem testes mais baratos ou eficazes.

Is this the end of gene patenting?
30/3/2010


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sábado, 14 de novembro de 2009

Ásperguer, Autismo e empatia: estudo engloba 27 genes

Enviado por Priscilla para a Comunidade Virtual Autismo no Brasil

Traduzido pela Fga. Mônica Accioly


Cientistas da universidade de Cambridge identificaram 27 gens que estão associados com a síndrome de Asperger, e/ou com autismo e/ou com a empatia. A pesquisa será publicada em AUTISM RESEARCH.

A pesquisa foi liderada pelo Dr Bhismadey Chakrabarti e pelo professor Simon Baron-Cohen do centro de pesquisa do autismo, em Cambridge. Sessenta e oito (68) genes foram escolhidos, fosse porque eram conhecidos por participar do crescimento de neurônios, no comportamento social ou nos esteróides do hormônio sexual (testosterona e estrogênio). O último grupo de genes foi incluído considerando-se que a SA ocorre principalmente nos homens e também porque pesquisas anteriores mostraram que os níveis de testosterona fetal estão associados com traços de autismo e de empatia em crianças em desenvolvimento típico.

A pesquisa realizou dois experimentos. Primeiro, examinaram aqueles genes em 349 adultos, todos dentro do espectro do autismo e do coeficiente de empatia. Depois examinaram 174 adultos com diagnóstico formal de SA e foram feitas as devidas comparações.

A pesquisa encontrou que componentes de 27 dos 68 genes estavam associados com SA (síndrome de asperger) e/ou autismo. Dez (10) desses genes estavam ligados aos esteróides sexuais, dando suporte ao papel por eles desempenhado no autismo. Oito (8) de tais genes estavam envolvidos no crescimento dos neurônios, dando suporte à idéia de que o autismo poderia resultar de circuitos cerebrais com conexões deficientes, quando do desenvolvimento cerebral. Os demais 9 genes estariam relacionados ao comportamento social, levando alguma luz à biologia da sensitividade social e emocional.

Comentário do Dr Chakrabarti: “esses 27 genes representam conhecimentos preliminares para o entendimento das bases genéticas da SA e correlatos,como empatia. Todos são bons candidatos para outros estudos, tanto quanto ao autismo leve ou grave. Cinco (5) daqueles genes que encontramos haviam sido reportados anteriormente no autismo, mas os outros 22 nunca foram relacionados com SA, autismo ou empatia. Agora precisamos estudar como esses genes interagem.”

Professor Baron-Cohen: “Nós escolhemos pesquisar a genética da SA porque todos os outros estudos genéticos estavam focados no autismo clássico, que pode incluir as dificuldades no aprendizado e na linguagem. A SA é uma condição mais “pura”porque tai s fatores estão ausentes. Os novos resultados representam um avanço significativo em relação ao nosso trabalho anterior, ao nos mostrar que os hormônios esteróides sexuais (testosterona e estrógeno) influenciam no desenvolvimento social e no autismo. O novo estudo também confirma que outras moléculas são importantes na compreensão do autismo e da empatia.”

Síndrome de Asperger (SA) é um subgrupo do autismo. O outro subgrupo é o autismo clássico. As condições de autismo aparecem em 1% da população e o seu diagnóstico é feito tendo como base as relações sociais e a comunicação.

Referência:
Chakrabarti, B, Dudbridge, F, Kent, L, Wheelwright, S, Hill-Cawthorne, G, Allison, C, Banerjee-Basu, S, & Baron-Cohen, S. - Genes related to sex-steroids, neural growth and social-emotional behaviour are associated with autistic traits, empathy and Asperger Syndrome. Autism Research, July 16, 2009
http://www.sciencedaily.com/releases/2009/07/090715101427.htm (Diponível em 14/11/2009)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Estudo com gêmeos indica prevalência de 88% para autismo

Estudo realizado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e do Instituto Kennedy Krieger e publicado nos Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine examinou o padrão de hereditariedade de desordens do espectro autista em 277 pares de gêmeos, 67 monozigóticos (idênticos) e 210 dizigóticos, com 18 anos de idade, ou menos, em que ao menos um dos irmãos se mostrou afetado. Foram analisados a concordância de diagnósticos, o histórico e os resultados para avaliação padronizada de autismo.

Observou-se que a concordância foi de 31% de casos nos gêmeos dizigóticos e de 88% para os monozigóticos. Nas meninas monozigóticas, houve 100% de concordância e nos meninos, 86%; nos pares dizigóticos, as meninas mostraram concordância de 20% e os meninos, 40%. O diagnóstico de autismo para o segundo gêmeo, depois do diagnóstico do primeiro, foi 7,48 vezes mais frequente para os monozigóticos em relação aos dizigóticos. Para os gêmeos dizigóticos individualmente afetados, os pais se mostraram preocupados mais cedo e, também, houve mais diagnósticos de deficiência intelectual do que para os gêmeos monozigóticos. Os monozigóticos tiveram maior prevalência de desordem bipolar e síndrome de Asperger e maior concordância do segundo. A correlação da avaliação de autismo com os relatos feitos pelos pais é maior do que 90%.

Segundo o estudo, os dados apontam para uma maior concordância de desordens do espectro autista nos gêmeos monozigóticos em relação aos dizigóticos. As diferenças entre a ocorrência de autismo de alto funcionamento, comorbidades psiquiátricas e síndrome de Asperger sugerem diferentes hereditariedades para diferentes tipos de autismo. Nas famílias em que um gêmeo monozigótico foi diagnosticado com autismo, é improvável que o segundo gêmeo receba o diagnóstico depois de 12 meses. Além disso, os relatos parentais de autismo pela internet são válidos.

Rosenberg, Rebecca E.; Law, J. Kiely; Yenokyan, Gayane; McGready, John; Kaufmann, Walter E.; Law, Paul A. - Characteristics and Concordance of Autism Spectrum Disorders Among 277 Twin Pairs. Arch Pediatr Adolesc Med. 2009, 163(10):907-914.
Abstract disponível em 9/11/2009 em: http://archpedi.ama-assn.org/cgi/content/abstract/163/10/907

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Genes do autismo

Reportagem do Jornal do Brasil de 29/4/2009, afirma que cientistas da Universidade da Pensilvânia detectaram pequenas mudanças genéticas que apresentam um forte impacto na probabilidade de um indivíduo desenvolver autismo e condições relacionadas, como a síndrome de Asperger.

De acordo com o estudo, as mudanças influenciam genes que ajudam a formar e manter conexões entre as células do cérebro sendo que uma variante genética, se "reparada", poderia diminuir os casos em até 15%.

O estudo, considerou mais de 10 mil pessoas, buscando no genoma humano as diferenças entre as pessoas com autismo e as neurotípicas.

Todas muitas variantes genéticas encontradas, normalmente associadas ao autismo, apontavam para genes específicos do cromossomo 5, que controla a produção de proteínas que ajudam as células a se manterem juntas e a realizarem as conexões nervosas. Uma variante do gene chamado CDH10 está presente em mais de 65% dos casos

O chefe da equipe, Hakon Hakonarson, reconheceu que a genética por trás do autismo é complexa.

De acordo com Simon Baron-Cohen, psicólogo da Universidade de Cambridge, já foram identificados 133 genes que podem estar ligados à doença, mas são necessários novos estudos para identificar como interagem entre si e com o ambiente externo.

Enviado por Priscilla para a Comunidade Virtual Autismo no Brasil

Identificado gene-chave do autismo
http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/04/29/e290424722.asp