sábado, 2 de setembro de 2023

Características do adulto superdotado

(Tradução da página de Eric Windhorst, feita com auxílio do Google Translator)

Embora as pessoas superdotadas sejam um grupo muito diversificado, elas tendem a compartilhar uma série de características que as diferenciam da normalidade neurotípica.

Por favor, tenha em mente ao ler esta página que a individualidade sempre supera a descrição genérica

Características e testes de adultos superdotados

Em seu livro, The Gifted Adult: A Revolutionary Guide for Liberating Everyday Genius, Mary-Elaine Jacobsen fornece o seguinte questionário para adultos superdotados para ajudar na autoidentificação. Muitas das declarações de Jacobsen ressoam em você?

Características da adulta superdotada Mary-Elaine Jacobsen:
  1. Sempre tive uma curiosidade insaciável
  2. Estabeleço padrões muito elevados para mim mesmo e posso ser meu pior crítico
  3. Tenho uma necessidade poderosa de saber e sou um buscador de verdades supremas
  4. Fui criticada por ser “demais” em quase tudo
  5. Sempre me senti profundamente ferida pela injustiça e pelo sofrimento humano
  6. Consigo ver muitos lados de quase todas as questões e adoro um bom debate
  7. Tenho muita energia e muitas vezes me sinto movida pela minha própria criatividade
  8. Muitas vezes sou vista como a “pessoa com ideias” em um grupo
  9. Adoro quebra-cabeças, labirintos, paradoxos, ideias e palavras complexas
  10. Muitas vezes me sinto responsável por problemas que na verdade não me pertencem
  11. Muitas vezes me senti “diferente” e às vezes sinto que sou uma "minoria de um"
  12. Sou um perfeccionista obstinada
  13. Sou criticada por não “focar em uma coisa”
  14. Honestidade, integridade e autenticidade são muito importantes para mim
  15. Tenho histórico de questionar regras e desafiar autoridades
  16. Fico incomodada com luzes brilhantes, aromas e ruídos que os outros ignoram
  17. Tenho um senso de humor bem desenvolvido e um tanto excêntrico
  18. Mantenho meu senso infantil de diversão e admiração
Mary Rocamora (fundadora da escola Rocamora em Los Angeles) desenvolveu outro questionário útil sobre superdotação.

Ela divide as características dos adultos superdotados em nove áreas (um tanto sobrepostas). Você vê essas características em você?
  1. Características gerais – amplo vocabulário, multi-talentoso, muitos interesses e habilidades, criativo…
  2. Enteléquia – necessidade de autodeterminação, de se tornar tudo o que se é capaz
  3. As cinco superexcitabilidades
    1. Superexcitabilidade psicomotora: energético; adora atividade física intensa; inquieto; agitado; pode ser diagnosticado erroneamente como TDAH.
    2. Superexcitabilidade Sensual: sentidos aguçados e refinados; profundamente comovido pela música ou pelas artes visuais; amor (ou ódio) por certas texturas, sabores, cheiros, sons, etc; ambientalmente exigente.
    3. Superexcitabilidade intelectual: sempre explorando novas ideias e teorias; adepto da metacognição; adora resolução de problemas, pesquisa, análise e pensamento teórico. É o traço estereotipado da superdotação.
    4. Superexcitabilidade imaginativa: imaginação vívida, inventividade, percepção dramática, inclinações poéticas, amor pela fantasia, humor, imaginação criativa e baixa tolerância ao tédio.
    5. Superexcitabilidade Emocional: sentimentos e emoções intensificados (da euforia à ansiedade e à depressão); forte apego a pessoas, lugares e coisas; expressão emocional corpórea intensa; sentimentos refinados em relação a si mesmo (por exemplo, capacidade de dialogar interiormente, autocompreensão e autojulgamento).
  4. Alta inteligência – pensador independente e divergente, intuitivo e perspicaz, incansavelmente curioso e investigativo, amante de discussões intensas, aprende rápido.
  5. Busca pela verdade – preocupação existencial e constantemente em buscar a verdade ao longo da vida.
  6. “Fator autônomo” – um senso de direcionamento interno, um impulso interno para fazer escolhas conscientes de acordo com princípios que são mais elevados em si mesmo.
  7. Perfeccionismo – motivado a ser – e fazer – o melhor que puder (pode levar ao esgotamento).
  8. Introversão – ganhe energia estando sozinho; prefere profundidade à largura; aprecia a privacidade.
  9. Idealismo – geralmente motivado para tornar o mundo um lugar melhor para TODOS.
Your Rainforest Mind: A Guide to the Well-Being of Gifted Adults and Youth, um livro de 2016 da psicoterapeuta Paula Prober, compara a mente superdotada com a floresta tropical. Ela fornece o teste a seguir (autodescritivo, nada científico!) Para descobrir se você se parece com uma floresta tropical:

Sua mente na floresta tropical - um guia para o bem-estar de adultos e jovens superdotados
  • Assim como a floresta tropical, você é intenso, multifacetado, colorido, criativo, avassalador, altamente sensível, complexo, idealista e influente?
  • Você é incompreendido, mal diagnosticado e misterioso?
  • Assim como a floresta tropical, você conheceu muitas motosserras?
  • As pessoas dizem para você se iluminar quando você está apenas tentando esclarecê-las?
  • Você fica tocado por um pôr do sol, roupas que coçam, perfumes fortes, cores conflitantes, arquitetura ruim, um zumbido que ninguém mais ouve, estranhos nervosos, amigos necessitados ou a fome global?
  • Você vê castanho claro, bege e areia onde outros veem apenas branco?
  • Você passa horas procurando a palavra exata, o sabor preciso, a textura mais suave, a nota certa, o presente perfeito, a melhor cor, a discussão mais significativa, a solução mais justa ou a conexão mais profunda?
  • Você já achou que tem TDAH porque se distrai facilmente com novas ideias ou teias de aranha intrincadas, ou TOC porque coloca sua biblioteca doméstica em ordem alfabética ou codifica seus suéteres por cores, ou bipolar porque vai do êxtase ao desespero em 10 minutos?
  • Você é apaixonado por aprender, ler e pesquisar, mas está perplexo, perturbado e suado em relação à escolaridade?
  • A sua intuição e empatia lhe dizem o que os familiares, vizinhos e cães vadios pensam, sentem ou precisam, mesmo antes de saberem o que pensam, sentem ou precisam?
  • Você acha que tomar decisões sobre sua futura carreira e decidir que cor pintar o quarto é igualmente assustador devido ao dilúvio de possibilidades que assalta seus lobos frontais?
  • Suas conversas espirituais favoritas são com árvores, pedras e riachos murmurantes?
  • O seu valor depende das suas realizações, de modo que, se você cometer um erro ou não cumprir seus padrões, você se sentirá um fracasso total como ser humano, agora e para sempre?
  • Você anseia por estímulo intelectual e está desesperado para encontrar pelo menos uma pessoa que seja fascinada por fractais ou entusiasmada com teologia?
  • Você tem vergonha de contar para sua família e amigos que acha mais fácil se apaixonar por ideias do que por pessoas?
  • Você já ruminou sobre o propósito da vida e sua contribuição para a melhoria da humanidade desde que era jovem?
  • Você recebe olhares vazios e confusos das pessoas quando pensa que acabou de dizer algo realmente engraçado?
  • As pessoas ficam impressionadas com o que você pode realizar em um dia, mas se conhecessem quem você é de verdade, veriam que você é na verdade um impostor preguiçoso, procrastinador e negligente?
  • Você tem medo de: fracasso/sucesso, perder/ganhar, crítica/elogio, mediocridade/excelência, estagnação/mudança, não se encaixar/se encaixar, baixas expectativas/altas expectativas, tédio/desafio intelectual, não ser normal/ser normal?
  • Você deseja dirigir uma Ferrari em alta velocidade na estrada, mas fica sempre preso na rodovia de Los Angeles durante a hora do rush?
  • Você adora percorrer novos caminhos sensuais e explorar mundos imaginários para descobrir belas conexões entre objetos, palavras, ideias ou imagens fascinantes?
  • Você se pergunta como pode se sentir “insuficiente” e “demais” ao mesmo tempo?
  • Você se sente desconfortável com o rótulo “talentoso” e tem certeza de que se usasse a palavra como uma descrição de pessoas com algum tipo de inteligência avançada – o que você não faria porque é muito ofensivo – certamente não se aplicaria a você?
Se você respondeu “sim” a pelo menos 12 das perguntas acima, provavelmente você tem uma mente de padrão floresta tropical. Se você ruminou sobre as respostas para muitas dessas perguntas e muitas vezes pensou “depende”, você também se enquadra no perfil.

Patricia Gatto-Walden argumenta que, embora os “recursos mentais de um indivíduo superdotado possam ser altamente desenvolvidos, complexos e sofisticados… eles estão associados a desafios, preocupações, medos e necessidades especiais” (Gatto-Walden, 2013, p. 162).

Gatto-Walden compilou uma lista de dificuldades comuns que indivíduos superdotados enfrentam em seu capítulo intitulado The Heart of the Matter: Complexities of the Highly Gifted Self, no livro Off the Charts de 2013. Quantos desses desafios ressoam em você?
  • Sentimentos de estar sobrecarregado e superestimulado por estímulos mentais, físicos, emocionais e sociais incessantes;
  • Uma grande sensação de excitação física associada à velocidade e ao volume dos pensamentos;
  • Falta de amizades devido à dificuldade em encontrar semelhança com outras pessoas;
  • Relutância em confiar nos outros devido a inúmeras experiências de rejeição e insultos verbais;
  • Julgamento interno severo de si mesmo e dos outros, combinado com certeza nas próprias opiniões e avaliações;
  • Crenças inflexíveis sobre o que é justo ou injusto, certo ou errado;
  • Sensação de alienação e separação, com subsequente isolamento e solidão;
  • Rigidez em relação aos níveis aceitáveis de desempenho para si e para os outros;
  • Necessidade de alcançar ambições de alto nível de substância única e significativa;
  • Valorização da produtividade do tipo tudo ou nada associada ao perfeccionismo;
  • Falta de capacidade de aquietar a mente;
  • Uma abordagem de todas as dificuldades da vida como problemas a serem resolvidos mentalmente;
  • Ansiedade elevada devido à riqueza de imaginação casada com intensa sensibilidade emocional;
  • Vívidos medos imaginários de cenários assustadores, que resultam em fluxos de questões hipotéticas;
  • Forte preferência por se guiar pela própria curiosidade e interesses, em comparação a seguir a orientação de uma autoridade (como um supervisor, pai ou professor);
  • Respostas a interesses multifacetados que envolvem uma programação excessiva das atividades diárias, resultando em estresse e exaustão sem fim;
  • Imensa dificuldade em atender ou respeitar aspectos de si mesmo além do processamento mental, como necessidades emocionais, físicas e sociais;
  • Se muitos dos itens dos quatro questionários de características de adultos superdotados acima ressoaram em você, provavelmente você é superdotado.
Talvez você já tivesse um palpite de que poderia ser superdotado ou talvez seja algo totalmente novo. Quando identifiquei pela primeira vez minha própria superdotação, febrilmente procurei tudo o que estava escrito sobre o assunto (no verdadeiro estilo superdotado!). Minha vida de repente fez mais sentido. Superdotação clicou.

Para consultar o texto original:
https://www.ericwindhorst.ca/resources/on_being_gifted/gifted-adult-characteristics/

Referência citada no texto:
Gatto-Walden, P.The Heart of the Matter: Complexities of the Highly Gifted Self. In: Neville, C.S., Piechowski, M.M. & Tolan, S.S. - Off the charts. Asynchrony and the gifted child. Royal Fireworks Press, 2013.

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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

AUTISMO COMO  UM PARADIGMA ACADÊMICO


| TYLER COWEN | 13 de julho de 2009 | Tradução: Argemiro de Paula Garcia Filho |

Se você pensar em termos de História, talvez imagine que as faculdades e universidades americanas nunca tenham contribuído para o discurso racista. Mas Princeton e muitas outras instituições mantiveram de fora judeus, e defesas “acadêmicas” da escravidão, segregação e eugenia foram comuns até que mudanças sociais mais amplas tornaram tais pontos de vista inaceitáveis.

A triste verdade é que ideologias desumanizantes permanecem conosco na universidade moderna, embora com formas muito diferentes. Os principais exemplos incluem as inaceitáveis maneiras com que às vezes se fala e pensa sobre o espectro autista. Há alguns anos, Michael L. Ganz, que ensina na Escola de Saúde Pública de Harvard, publicou um ensaio intitulado “Costs of Autism in the United States” (Custos do autismo nos Estados Unidos). Em nenhuma parte o ensaio avalia se as pessoas autistas trouxeram algum benefício à raça humana. Você pensaria em um ensaio equivalente, intitulado: “Custos dos nativos americanos”? Ganz pode pensar que o autismo é estritamente uma doença, mas nunca menciona ou refuta o fato de que um grande número de autistas rejeita essa visão e a considera ofensiva.

David Bainbridge é um anatomista veterinário da Universidade de Cambridge. Em 2008, publicou um livro pela Editora da Universidade de Harvard, “Beyond the Zonules of Zinn: A Fantastic Journey Through Your Brain” (Além das zônulas de Zinn: uma fantástica jornada através de seu cérebro). No livro, defende que aos autistas falta a qualidade da precaução humana, e comparou suas faculdades cognitivas desfavoravelmente às de macacos com lesões no cérebro. Deborah R. Barnbaum, filósofa da Universidade do Estado de Kent, escreveu um livro ironicamente intitulado “The Ethics of Autism”, Indiana University Press, 2008 (A ética do autismo) em que pondera as implicações filosóficas do suposto fato de os autistas não poderem compreender a vida mental de outras pessoas, ainda que este resultado não se sustente experimentalmente e possa ser igualmente refutado por uma simples conversa com uma pessoa autista.

A questão não é focalizar a culpa nesses indivíduos em particular, porque estão afogados em idéias, atitudes e pressupostos comuns a uma estrutura maior. É perfeitamente possível que todos esses escritores sejam “gente boa” no sentido usual do termo, mas eles não sentem nenhum mal-estar ou hesitação em pintar tais retratos de outros seres humanos. A triste verdade é que, até que nós estejamos muito conscientes das implicações de nossas palavras, é muito fácil escorregar em maus hábitos e numa retórica danosa, mesmo no politicamente correto ano de 2009.

Citei alguns exemplos mais óbvios, mas as polarizações subjacentes estão enraizadas muito mais profundamente. Muitas pessoas nas faculdades estão cientes de como lidar com o autismo (e a síndrome de Asperger - vou me referir em geral ao espectro autista) em seus “programas de necessidades especiais”. A realidade mais complexa é que há muito mais autismo no ensino superior do que a maioria de nós imagina. Não são apenas os “estudantes com necessidades especiais” mas, também, os oradores das turmas, os professores da faculdade e até, às vezes, seus gestores.

Esta última frase não é algum tipo de humor barato sobre as muitas características disfuncionais do ensino superior. O autismo é descrito frequentemente como uma doença ou uma praga, mas quando chega à faculdade ou universidade americanas é, frequentemente, uma vantagem competitiva mais do que um problema a ser resolvido. Uma razão da universidade americana ser tão forte é porque mobiliza eficazmente forças e talentos de pessoas do espectro autista. Apesar de alguma retórica negativa, a realidade é que os autistas são muito bons para as faculdades e as faculdades são muito boas para os autistas.

O economista e Prêmio Nobel Vernon L. Smith, um antigo colega meu, é um exemplo dos mais conhecidos de um grande realizador do espectro autista. Vernon, em Discovery: A Memoir (Descoberta: uma biografia), atribui seu extremo foco, sua atenção ao detalhe e sua erudita persistência a ligação que tem com o espectro autista. Richard Borcherds, vencedor em 1998 da Medalha Fields de Matemática, foi diagnosticado como tendo síndrome de Asperger. Temple Grandin, que ensina Ciência Animal na Universidade do Estado de Colorado, é uma brilhante mulher autista cujas ideias revolucionaram a forma como os matadouros americanos tratam os animais. Há provavelmente muito mais exemplos, embora não reconhecidos. O consagrado pesquisador de autismo Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge, argumenta que os grandes realizadores autistas são, de longe, mais comuns do que a maioria das pessoas imagina, sobretudo na Matemática e na Engenharia. Ele ressalta o comportamento sistemático como uma importante habilidade cognitiva dos autistas.

Apesar da retórica comum, a cada ano os especialistas estão nos ensinando mais sobre as capacidades cognitivas do espectro autista. Nos anos 60, a visão comum era que, à exceção de alguns savants, a maioria das pessoas autistas eram incapacitadas intelectualmente (“retardado mental” era o termo mais do que infeliz), e em certa medida esse estereótipo persiste hoje. Mas um crescente número de pesquisadores localiza as

Um breve levantamento mostra que os autistas têm, em média, maior percepção do compasso e outras habilidades musicais; são melhores na observação de detalhes no meio de padrões; têm melhor acuidade visual; enganam-se menos com ilusões de ópticas; têm maior probabilidade de ajustar-se a alguns cânones da racionalidade econômica, resolvem alguns tipos de quebra-cabeças e enigmas a uma taxa muito mais rápida e são menos propensos a ter certos tipos de falsas memórias. Autistas igualmente têm, em graus variados, fortes ou mesmo extremadas habilidades de memorização, execução de operações com códigos e cifras, fazer cálculos de cabeça, mostrando excelência em muitas outras tarefas cognitivas especializadas. Os savants, ainda que sejam excluídos, igualmente apresentam as forças cognitivas encontradas nos autistas mais genericamente. Uma pesquisa recente mostrou, usando métodos conservadores, que cerca de um terço dos autistas podem apresentar habilidades excepcionais ou do tipo “savant”.

As pessoas autistas têm geralmente desejo e talento superiores para montar e organizar a informação. Especialmente quando lhes é dado acesso apropriado a oportunidades e materiais, vivem o ideal do auto-didatismo, frequentemente ao extremo. Em meu novo livro, Create Your Own Economy (Crie sua própria economia), me refiro aos autistas como os “infóvoros” da moderna sociedade e argumento que, em muitas dimensões, nós, como sociedade, estamos trabalhando duro para imitar suas habilidades na organização e processamento da informação. Autismo é um item sobre o qual todo interessado em Educação deveria ler e pensar.

Resulta que a universidade americana é um ambiente especialmente favorável aos autistas. Muitos são desfavorecidos ou ficam oprimidos com o processamento de certos estímulos do mundo exterior e ficam, assim, sujeitos a uma sobrecarga sensorial. Para alguns autistas, isso é debilitante, mas para muitos outros é um problema administrável ou, ao menos, contornável. O resultado é que muitos preferem ambientes estáveis, a possibilidade de escolher seu próprio horário de trabalho ou fazê-lo em casa, e poder trabalhar focalizando-se em um projeto por longos períodos de tempo.

Soa familiar? A faculdade e a universidade modernas são, frequentemente, ideais ou ao menos relativamente boas em fornecer esse tipo de ambiente. Enquanto há uma grande discriminação contra os autistas, a maioria das pessoas das universidades americanas são tão cegas à noção de sua alta realização que um preconceito cancela o outro, para benefício de muitos dos autistas nas universidades.

Da mesma forma, autistas tendem a ser extremamente bons em um conjunto de tarefas cognitivas e marcadamente fracos ou prejudicados em outras; são os beneficiários finais da noção de Adam Smith da divisão de trabalho. A especialização acadêmica facilita que tais pessoas tenham sucesso.

Não quero forçá-lo na direção de estereótipos como o “professor distraído”. Algumas pessoas que se encaixam nesse perfil bem podem estar dentro do espectro autista, mas ele igualmente inclui mulheres bonitas com sorrisos encantadores, gente entusiasmada e extrovertida, pessoas que não conseguem produzir um discurso significativo e aqueles que fazem sozinhos, de memória, discursos em público claros e eficientes. Tony Attwood, um psicólogo australiano com extensa experiência em diagnóstico, acredita que a profissão de ator tem muitos representantes do espectro autista. A questão não é convencer ninguém de nenhum perfil único para autistas, ou substituir velhos estereótipos por novos. Ao contrário, devemos nos manter abertos para aprender que a diversidade autista é maior do que costumamos pensar.

Não há nenhuma dúvida que muitas pessoas autistas têm problemas na vida e são incapazes de atingir posições elevadas ou mesmo disputá-las. Problemas, tais como atipicidades sociais muito óbvias, ansiedade social, ou várias hipersensibilidades sensoriais - encontrados entre muitos, mas de forma alguma em todos os autistas - podem impedi-los de conseguir trabalhos comuns ou melhorar seu status social. Os preconceitos atuais são baseados pelo menos em dois erros. Primeiramente, o autismo é definido muito frequentemente como uma série de prejuízos ou falhas da vida, levando grandes realizadores à exclusão. É mais científico e igualmente mais ético ter uma definição mais ampla do autismo, baseada nos métodos diferenciados e atípicos para processar a informação e em outros marcadores cognitiva e biologicamente definidos. Dessa maneira, não rotulamos os autistas como necessariamente falhos mas, em vez disso, reconhecemos uma grande diversidade de resultados, que inclui seus sucessos.

Em segundo lugar, os autistas diagnosticados são frequentemente aquelas pessoas que encontram os maiores problemas na vida. A maioria de autistas de sucesso nunca aparecem para diagnóstico ou intervenção e muitos deles não têm necessidade ou mesmo consciência dele, ou, mesmo se estão tendo dificuldades, temem o estigma de um diagnóstico. A amostragem comum de autistas, como se encontra em um típico artigo de pesquisa, mostra muito mais problemas e menos sucessos do que seria mais provável caso usasse uma amostra verdadeira da população de autistas. Ou seja, há uma polarização enorme da seleção. A pesquisa sobre o autismo está somente começando a confrontar esse problema.

Também estamos aprendendo que muitos estereótipos sobre autistas são falsos ou pelo menos equivocados. Costuma-se dizer, por exemplo, que autistas não se preocupam com outras pessoas, ou que não sentem emoções genuínas ou empatia. O mais provável é que autistas e não-autistas não se compreendam muito bem. Frequentemente, as pessoas que fazem tais afirmações mostram sua própria falha em mostrar empatia para com autistas ou para reconhecer a riqueza de suas vidas emocionais. Mesmo quando há reconhecimento das suas capacidades cognitivas - mais comumente nos savants – ele vem acompanhado de um clichê impreciso, um retrato de uma personalidade fria, robótica, menos que humana.

A relevância do espectro autista para o ensino superior não diz respeito apenas a indivíduos particulares. A própria natureza do ensino superior mostra o quanto nós, frequentemente sem o saber, acreditamos que os perfis cognitivos dos autistas são um ideal educacional. Na “educação especial” abundam os esforços para ensinar as habilidades dos não-autistas aos autistas, mas, na sala de aula regular, frequentemente fazemos o oposto. Vejo a educação superior (e níveis mais baixos) ensinando as pessoas a serem autistas em muitas de suas habilidades cognitivas básicas. Além disso, algumas características cognitivas chave no autismo são a habilidade, o desejo de processar muita informação através de escalas grandemente diferentes, de minúsculos detalhes a estruturas abrangentes; focalizar e ordenar mentalmente essa informação; um relativamente alto nível de objetividade científica; e a presença de algumas capacidades cognitivas altamente especializadas, mesmo se acompanhados de algumas áreas com baixo desempenho. Um educador pode gostar de muita coisa nessa lista.

Outra maneira de ver a questão é notar que todos os alunos têm necessidades especiais, precisando de muita ajuda. Estudantes não-autistas não representam algum ponto ideal que todos estão se esforçando para alcançar, mas tanto os autistas como os não-autistas estão tentando aprender as habilidades especiais do outro grupo, assim como aperfeiçoar suas próprias habilidades.

No discurso público e acadêmico, não é apenas o entendimento do autismo que está em jogo. O neurodesenvolvimento dos seres humanos segue caminhos variados, sendo o TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) outro exemplo de destaque. Precisamos ser cuidadosos sobre o que rotulamos como uma desordem. Em relação a este, por exemplo, crescem as evidências de que os indivíduos com TDAH conseguem resultados muito bons por padrões sociais normais. O estereótipo da cultura popular de um TDAH (frequentemente "TDA") é de uma pessoa que zapeia freneticamente de um canal ou website para o outro. Uma visão alternativa é que muitos desses indivíduos se adaptam e terminam por usar seu perfil cognitivo para se lançar do aprendizado de um fragmento de informação ao seguinte, terminando por aprender melhor e, talvez, situando-se melhor para lidar também com o mundo social. Similarmente, um estudo descobriu que as pessoas disléxicas se fizeram melhores empreendedores na média, porque são acostumados à ideia de ter que delegar algumas tarefas mais do que tentar gerenciar tudo.

Em muitas áreas da neurodiversidade humana, incluindo o autismo, ainda não sabemos as respostas a muitas perguntas básicas. Não há nem mesmo um acordo nas definições básicas do autismo, ásperguer e conceitos relacionados. Entretanto, aplicamos aos autistas montes de estereótipos e descrições negativas que não sonharíamos em usar para descrever grupos raciais ou étnicos. É tempo de as faculdades e universidades saíram à lutar contra esses preconceitos. O ensino superior precisa ajustar sua retórica à realidade de que é uma opção comum para pessoas autistas.

Ainda estamos procurando as metáforas e a linguagem apropriadas para descrever e explicar a neurodiversidade humana. Por exemplo, avançamos de uma visão do autismo como resultado de "mães-geladeira" - frias, distantes -, como foi mais visivelmente sugerido por Bruno Bettelheim nos anos 1960. Estamos apenas dando os primeiros passos além de uma definição do tipo “série de limitações”. Chamarmos o autismo de “desordem” é sermos humanos e oferecermos simpatia, ajuda, ou é valorizar estereótipos e baixas expectativas, ignorando a variação nos resultados?

Mas se não está correto falar em desordem, quais seriam os termos aceitáveis e qual seria o quadro conceitual a acompanhá-los? A distinção geralmente aceita entre o “alto funcionamento” e o “baixo funcionamento” ignora as grandes variações nas habilidades individuais dos autistas e igualmente parece classificar um grupo de seres humanos como algo inadequado. Quando vamos falar do espectro autista, devemos ser humanos, respeitarmos a diferença e a individualidade humanas, a necessidade de apoio e reconhecermos a diversidade dentro do espectro, tudo isso sem supor que as formas dos não-autistas verem o mundo são sempre as corretas.

O senso comum é que “autismo” diz respeito a crianças doentes e cumpre à comunidade acadêmica ajudar a corrigir esse quadro. Se olharmos os dados, parece fácil encontrar montes de crianças com autismo relativamente severo, ao menos segundo os padrões desse mesmo ponto de vista e, assim, encontrar um número proporcional de adultos autistas. Por exemplo, uma ideia disseminada sugere que os Estados Unidos tenham aproximadamente 500.000 crianças autistas, para uma predominância de uma em cada 150. Isso significaria que os Estados Unidos igualmente teriam 1,5 milhão de adultos autistas. (Esses números são aproximações grosseiras e ainda estão em debate.)

Minha opinião é que os Estados Unidos têm de fato mais de um milhão de adultos autistas. Mas se há tantos, as perguntas óbvias são: “Onde estão? Quem são eles? Estão todos trancados nas instituições?” Fala-se em uma recente “epidemia” de autismo. Mas as medidas epidemiológicas da prevalência do autismo - se considerarmos mudanças baseadas nos critérios diagnósticos, conscientização, disponibilidade de serviços, métodos de pesquisa e assim por diante - não indicam grandes aumentos injustificados. Pode-se argumentar que há um aumento gradual na taxa de autismo, uma vez que as evidências não permitem excluir todas as mudanças (penso ser mais provável que a taxa seja constante ao longo do tempo) mas, ainda assim, a curva seria tão ascendente que, outra vez, uma estimativa apreciável seria mais de um milhão de adultos autistas nos Estados Unidos.

Seria complicado falar ou escrever sobre os autistas que podem estar trabalhando perto de você. Se trabalha em uma faculdade ou universidade, há uma boa chance de estar interagindo com pessoas no espectro autista regularmente. Talvez sua reação seja elaborar uma lista mental de colegas e começar a aplicar-lhes vários estereótipos. Talvez você fique de vigia, na próxima reunião com o reitor, para ver se encontra pessoas com “traços” autistas, e passe a fofocar sobre essas observações com seus amigos. Essa é a natureza humana, mas sugiro uma alternativa. Seja diferente. Questione seus estereótipos. Olhe-se no espelho. Quando tiver feito isso, é provável que se considere mais distante da perfeição e mais dentro de variedades pouco convencionais do que esperava.

Tyler Cowen é professor de Economia na Universidade George Mason, e escreve no New York Times, Money, no blog http://www.marginalrevolution.com e em outras publicações. Este texto foi adaptado de seu novo livro, Create Your Own Economy: The Path to Prosperity in a Disordered World.

FONTE: https://www.chronicle.com/article/autism-as-academic-paradigm/ Disponível em 2011.

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domingo, 4 de outubro de 2020

Ora, direis, ouvir autistas!

" 'Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso!' E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto..."
Olavo Bilac

Meu nome é Argemiro Garcia. Já fui muito conhecido na chamada "Comunidade Autista" - pessoas autistas, seus familiares e profissionais que os atendem. Sou pai de Gabriel, hoje com 27 anos, um rapaz autista não-verbal. Há 24 anos atrás, quando ele começou a olhar fixamente seus dedos, parou de atender ao ser chamado; olhar para a parede fixamente, comentei com Mariene, minha esposa:

-"Será que ele é autista?"

De autismo, sabíamos muito pouco, quase nada. Contamos com o auxílio de assistentes sociais da Petrobrás, onde trabalho como geólogo. Havia bem pouca literatura sobre o assunto e a internet era brutalmente menor do que é hoje. Em 2003, Mariene conheceu a comunidade virtual do Yahoogrupos, Autismo no Brasil, fundada por Priscila Siomara Gonçalves, de Americana (SP). Na necessidade, ânsia de aprender, nós, mães e pais, trocávamos ideias e informações. Naquela época, não tínhamos notícia de nenhum diagnóstico em adultos, apenas crianças eram identificadas. Havia paradigmas: "vivem em seu próprio mundo", "não têm empatia", "não sabem brincar", "não têm sentimentos", "não entendem nada", "jamais terão vida autônoma". Ideias eram espalhadas: a causa seria "a mãe-geladeira", "a vacina", "o espirito não se instalou direito no cérebro".

Relatos feitos por autistas eram raríssimos; por isso, comemorávamos cada texto escrito por uma pessoa autista. O primeiro livro importante traduzido foi Uma Menina Estranha (Emergence: labeled autistic) da engenheira autista Dra. Temple Grandin. Houve outros: Stephen Shore veio ao Brasil em 2003, para um evento no Rio patrocinado pela ABRA; Sue Rubin concorreu ao Oscar de documentário curta-metragem em 2005 com seu "Autism is a World". Comemorávamos cada acesso a explicações lógicas, como pedaços do mapa que nos orientaria a ajudar nossos filhos. Os objetivos formavam uma tríade, nossos filhos seriam: felizes, autônomos e independentes.

Por isso, não gosto de ver familiares que se irritam com os adultos autistas, chegando a agredi-los quando se posicionam.  Fernanda Santana, Rita Louzeiro, Amanda Paschoal, William Silva, Ciel e tantos outros contam como se sentem, apresentam ideias para ajudarmos nossos filhos a ser felizes. Estes adultos autistas, muitos deles diagnosticados tardiamente, passaram muitos perrengues, muitas vezes sofreram bullying, mas chegaram até onde estão sem serem isolados da sociedade - e são solidários com outros autistas, estão a defender nossos filhos, lutam para que todos possam ter acesso a seus direitos. Abrem janelas e portas para entendermos seu jeito de ser.

Eles, mais do que ninguém, sabem o que é o autismo. Por isso, sou grato a eles e ouço o que têm a dizer.

(A citação de Olavo Bilac faz uma pequena homenagem àquele que, talvez, tenha sido o primeiro autista com quem convivi: o Grande Wilson, meu professor de Literatura no Colégio Estadual Presidente Roosevelt nos anos de 1975 e 1976). Hoje, lembrando dele, percebo que suas idiossincrasias, seu hiperfoco, sua prosódia, sua expressão facial levam todo o jeito de um autista adulto não diagnosticado.

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sexta-feira, 7 de abril de 2017

As meninas são melhores em mascarar o autismo do que os meninos

| Universidade de Leiden | 01/4/2017 |

Meninas autistas têm habilidades sociais relativamente boas, o que significa que seu autismo muitas vezes não é reconhecido. O autismo manifesta-se nas meninas de forma diferente que nos meninos. A psicóloga Carolien Rieffe e seus colegas do Centro de Autismo e INTER-PSY (Groningen) relatam suas descobertas na Revista Científica Holandesa Autismo (Wetenschappelijk Tijdschrift Autisme).

Informações sobre o autismo em meninas são escassas. O que sabemos sobre autismo baseia-se principalmente na pesquisa com meninos e homens. Isso pode ser um problema, explica a Professora de Desenvolvimento Psicológico de Leiden, Carolien Rieffe: "Se tomarmos o quadro clínico para meninos autistas como padrão, há uma boa chance de que o autismo em meninas não seja percebido. Para mudar isso, Rieffe e seus colegas examinaram como o autismo se manifesta nas meninas.

Estudo com adolescentes

Os pesquisadores analisaram o comportamento de 68 adolescentes, meninas e meninos, com e sem autismo. Como parte do teste, a pesquisadora fingiu ter ferido seu dedo no anel de um arquivo e exclamou: "Oh, isso doeu", enquanto apertava a mão com dor. Dois colegas pesquisadores analisaram posteriormente o vídeo para avaliar o quão empaticamente os participantes reagiam.

Responder à emoção ou resolver o problema

As meninas, tendo ou não autismo, reagiram com mais empatia do que os meninos. Rieffe explica: "Não encontramos diferenças entre os participantes com ou sem autismo. Mas vimos uma diferença qualitativa entre meninas e meninos. As meninas responderam mais frequentemente à emoção da pessoa que conduzia o teste com perguntas como: "Você está bem?" Os meninos, por outro lado, procuraram uma solução para o problema: "Se você fizer isso assim, você não vai pegar seu dedo."

Empatizar ou compreender verdadeiramente um conflito

Rieffe acrescenta que nem os meninos nem as meninas têm dificuldade em empatizar com as emoções de outra pessoa. No entanto, a capacidade de entender por que a pessoa se sente como eles muitas vezes é falha, tanto em meninas como em meninos autistas. Consequentemente, pode ser mais difícil para os adolescentes autistas reagir adequadamente a situações que envolvem questões de que os adolescentes gostam de falar, como se apaixonar ou um conflito com os pais.

Focalizando o pedido de ajuda

O que os resultados da pesquisa significam na prática para o prestador de cuidados? De acordo com Rieffe e colegas, as meninas autistas apresentam a grande vantagem de compreender muitas das regras sociais. No entanto, seus cuidadores não devem se enganar com isso, porque não indica necessariamente uma forte capacidade de empatia, ou habilidades de realmente ser capazes de formar boas relações sociais e amizades. Isso significaria que essas meninas poderiam se encontrar socialmente mais isoladas? É importante, ao tratar as meninas autistas, olhar quais são suas necessidades específicas. Isso pode exigir uma abordagem e estratégia diferentes daquela para meninos autistas.

https://www.universiteitleiden.nl/en/news/2017/04/girls-are-better-at-masking-autism-than-boys

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terça-feira, 21 de março de 2017

Vila Sésamo tem novo personagem - uma muppet chamada Julia, que é autista


| Adam Gabbatt | The Guardian | 20/03/2017 |

Julia, uma muppet com autismo, já aparece nos desenhos animados e livros da Vila Sésamo. Agora, fará sua estréia na TV em 10 de abril. Fotografia: Zach Hyman / AP
Julia, uma menina de quatro anos com cabelo laranja brilhante, um vestido rosa e um coelho de brinquedo favorito chamado Fluffster, fará sua estréia em 10 de abril em um episódio chamado "Meet Julia" (Conheça Julia). Ela já apareceu nos cartoons e livros da Vila Sésamo, mas esta será a sua primeira aparição no famoso programa infantil.

"Queríamos lidar com o autismo em geral por causa do número crescente de crianças que são diagnosticadas com transtorno do espectro autista", disse Sherrie Westin, vice-presidente de impacto social global e filantropia do Sesame Workshop, a organização sem fins lucrativos por trás da Sesame Street.

"Sentimos que criar um personagem que fosse autista permitiria que as crianças se identificassem com ela mas, igualmente importante, nos permitiria modelar para todas as crianças as diferenças e as semelhanças de uma criança com autismo.

"Foi uma oportunidade para ajudar a explicar o autismo e ajudar a aumentar a consciência e compreensão."

Na segunda-feira, a Vila Sésamo lançou vários clipes de vídeo com Julia. Um a mostra sentada a uma mesa, pintando com alguns dos outros personagens. Garibaldo chega e diz "Olá!" a Julia, que continua com seu trabalho em vez de responder "olá".

Garibaldo e Elmo apareceram no Sixty Minutes da CBS em 17 de março, para conversar com o anfitrião Lesley Stahl. Garibaldo disse a Stahl que inicialmente ficou perturbado pela falta de resposta de Julia.

- Pensei que talvez ela não gostasse de mim - disse Garibaldo.

"Tivemos que explicar a Garibaldo que Julia gosta dele", disse Elmo. "Só que Julia tem autismo. Então, às vezes leva um pouco mais de tempo para fazer as coisas."


Sesame Street apresenta Julia à Associated Press.

Mais tarde no episódio - de acordo com um clipe visto pela Associated Press - Julia fica angustiada quando toca uma sirene.

"Ela precisa dar um tempo", Alan, o amigo humano dos muppets, explica calmamente. Julia logo relaxa e os amigos continuam jogando.

Outro vídeo mostra Elmo se aproximando de Julia, que está brincando com Fluffster por conta própria. Elmo vê que Julia está focada em sua própria atividade e comenta: "Nós podemos jogar lado a lado, às vezes."

"Há muitas maneiras de jogar", Elmo diz à câmera.

A criação de Julia é parte da iniciativa "Vila Sésamo e o Autismo: todas as crianças são surpreendentes". Sesame Workshop disse que consultou mais de 250 organizações e especialistas durante um período de cinco anos, antes de revelar o personagem.

Julia é interpretada pela marionetista Stacey Gordon, que disse à Associated Press que seu filho de 13 anos também tem autismo.

"O episódio 'Meet Julia' é algo que eu gostaria que os amigos do meu filho pudessem ver quando eram pequenos", disse Gordon. "Eu me lembro dele dando pitis e os colegas sem saber como reagir."

Vila Sésamo é apresentada no Brasil pela TV Cultura.

Sesame Street is adding a new character to its ranks – a muppet called Julia, who has autism.
https://www.theguardian.com/tv-and-radio/2017/mar/20/sesame-street-autism-muppet-julia

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Terapia com búfalos do Exército Tailandês faz crianças autistas sorrir

| Aneeta Bhole | 15/8/2016 | Daily Mail Australia |

Uma terapia nova e surpreendente, que permite a crianças autistas desenvolverem laços emocionais e sociais ao montar nas costas de búfalos, tem ajudado centenas de jovens na Tailândia.

Essa terapia é o único programa de autismo conhecido a usar búfalos, com crianças sentadas nas grandes criaturas e conduzidas em torno de um campo.

O pioneiro projeto de bufaloterapia do exército tailandês fica em Lopburi (Tailândia Central) e cresceu de apenas um punhado de pessoas até algumas dúzias delas atendidas semanalmente.

Uma nova terapia que vê crianças autistas desenvolverem habilidades emocionais e sociais montando búfalos alega ajudar centenas de jovens na Tailândia.
Esta terapia é o único programa para autistas conhecido a usar búfalos, com as crianças sentadas sobre as grandes criaturas para dar uma voltinha.
Uma série de dez fotografias mostra crianças montadas nos búfalos, enquanto membros do exército tailandês os conduzem pelo pátio.

Primeiro, as crianças recebem aulas de arte e música com os soldados, antes de ser levadas a um passeio de búfalo por uma hora.

Soldados os ajudam a interagir e praticar jogos ao montar o búfalo, que incluem minicorridas.

Um tratamento típico pode levar até 20 horas de montaria em búfalos distribuídas ao longo de várias semanas, com os médicos verificando o progresso ao longo do caminho.

O general Kajonsak Jonpeng, que organiza o esquema com outros soldados, disse que muitas pessoas têm "medo" de búfalos, mas as crianças com autismo são muitas vezes "atraídas por eles".

"Eles se tornam amigos e gostam do contato. Os pais dizem que nunca viram isso antes com seus filhos ou filhas.
O Projeto Bufaloterapia é uma iniciativa pioneira do Exército Tailandês em Lopburi, Tailândia Central e cresceu de um punhado de pessoas a algumas dúzias.

Soldados do Exército Tailandês ajudam as crianças a dar uma volta pelo terreno, fazendo jogos e simulando uma corrida.

"Vemos as crianças que se mostravam tensas e sem emoção, apresentarem sorrisos e risos no rosto."

Porque os búfalos são amigáveis ​​e gostam das crianças, elas se divertem ao montar em cima deles, explicou o General Kajonsak Jonpeng.

"É um momento mágico, ver a emoção, adrenalina e alegria em seus rostos."

Equoterapia, que utiliza cavalos para crianças com autismo, tornou-se um tratamento alternativo popular nos últimos anos, com uma série de centros especializados em todo o mundo.

É um momento mágico ver a emoção, adrenalina e alegria nos seus rostos. Como os búfalos são animais mansos e gostam de crianças, estas podem aproveitar enquanto os montam.
Mas o Projeto de Terapia com Búfalos é um marco na terapia do autismo e o único a usar esses animais para ajudar a tratar crianças com essa condição que lhes causa dificuldade em comunicar e formar relacionamentos.

A ideia da bufaloterapia inspirou-se na equoterapia e veio a se tornar um tratamento alternativo popular na Tailândia.
O projeto começou quando um soldado que havia resgatado búfalos de fazendas e mercados precisava encontrar um uso para eles.

Os soldados tinham ouvido falar de tratamentos semelhantes usando golfinhos e cavalos e acreditavam que os búfalos teriam benefícios semelhantes.

Depois de vários testes positivos, eles decidiram continuar o programa e agora recebem crianças encaminhadas de escolas, médicos e hospitais por toda a Tailândia.

O tratamento também tem pessoas de Myanmar e Camboja recomendado através do boca-a-boca.

O general Kajonsak Jonpeng acrescentou: "As crianças autistas que têm montado búfalos mostraram melhorias no caráter, humor e confiança.

Carol Povey, diretora do Centro para o Autismo da Sociedade Nacional de Autistas (National Autistic Society's Centre for Autism - do Reino Unido), disse que esta foi a primeira vez que o búfalo foi usado para tratar crianças com autismo e disse que a organização "acolhe o desenvolvimento de novas iniciativas".

Ela diz: "A pesquisa mostra que os animais de estimação podem reduzir os níveis de estresse em algumas famílias, e também conhecemos muitas pessoas autistas e famílias que dizem que realmente se beneficiaram por estar com animais.


O projeto se iniciou quando soldados que resgataram búfalos de fazendas e mercados precisavam encontrar para eles uma finalidade. Ajudar crianças autistas e usar as dóceis criaturas pareceu servir a um objetivo comum.

Autismo, uma condição que afeta as habilidades sociais e emocionais, é posto à prova na bufaloterapia. Aqueles que são sensíveis a ruídos ou toque se beneficiam muito deste tipo de zooterapia.
"Mas o autismo afeta cada um de forma diferente, então isso não beneficiará todas as pessoas autistas e pode ser devastadora para alguns, particularmente aqueles que são extremamente sensíveis ao ruído ou ao toque.

"Não nos deparamos com a terapia de búfalo antes, mas ouvimos falar de famílias que se beneficiaram ao interagir ou cavalgar com eles.

"Congratulamo-nos com o desenvolvimento de novas iniciativas que têm um impacto positivo sobre as pessoas autistas e suas famílias.

"No entanto, sem qualquer evidência não há razão para pensar que a terapia com búfalos pode ser melhor do que outras formas de apoio envolvendo animais".

"Nós também aconselhamos qualquer pessoa que pense em terapia animal, ou mesmo qualquer forma de intervenção ou apoio, a procurar informações confiáveis ​​e robustas antes de tomar qualquer decisão".

Carol Povey, diretora do Centro para Autismo da National Autistic Society (Reino Unido) diz que esta foi a primeira vez que búfalos são usados para tratar crianças com autismo e diz que sua organização apoia o desenvolvimento de novas iniciativas.

Mas a Sra. Povey alerta que aqueles que pensam em terapias assistidas com animais, ou qualquer forma de apoio, devem procurar informações seguras e detalhadas antes de tomar qualquer decisão.
Thai army creates one-of-a-kind buffalo therapy for autistic children to make them smile instead of being 'emotionless and tense'
http://www.dailymail.co.uk/news/article-3741343/Thailand-buffalo-therapy-claims-help-autistic-children-form-emotional-bonds-build-social-skills.html


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Robert F. Kennedy Jr. diz que uma comissão de "segurança de vacinas" ainda está em andamento


| Meredith Wadman 15/02/2017 | Science |

O crítico da vacinação Robert F. Kennedy Jr. afirmou neste dia 15, em uma conferência de imprensa realizada no National Press Club, em Washington, que ainda conversa com a administração do presidente Trump sobre a criação de uma comissão para analisar a segurança das vacinas.

"Fui contatado três vezes pela administração desde [10 de janeiro] e me disseram que ainda seguem com a ideia de uma comissão," disse Kennedy. Ele não especificou quem, na administração, o contatou.

Kennedy foi convocado em 10 de janeiro para se reunir com o então presidente eleito e saiu da Trump Tower, em Nova York, para dizer à imprensa que Trump tinha lhe pedido que liderasse uma comissão de "integridade científica e inocuidade de vacinas". Algumas horas depois, um porta-voz referendou as declarações de Kennedy, dizendo que o presidente "está avaliando a possibilidade de formar uma comissão sobre o autismo (...) no entanto, nenhuma decisão foi tomada". O porta-voz acrescentou que Trump tem discutido "todos os aspectos do autismo com muitos grupos e indivíduos".

Hoje, Kennedy acrescentou que quando se encontrou com Trump em janeiro, ele "me disse que a indústria farmacêutica iria causar um alvoroço sobre isso", afirmando "Eu não vou voltar atrás". Mas Kennedy admitiu que "o que acontece dentro da administração é muito obscuro para qualquer um ... eu não sei dizer o que vai acontecer".

A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário sobre as novas observações de Kennedy.

Mais de 350 organizações científicas e médicas, lideradas pela Academia Americana de Pediatria, escreveram a Trump em 7 de fevereiro, lembrando a ele que "As vacinas são seguras. As vacinas são eficazes. Vacinas salvam vidas."

Kennedy foi apoiado na conferência de imprensa pelo ator Robert De Niro, outro crítico da vacinação. Os dois anunciaram que um grupo chamado The World Mercury Project está lançando o Desafio Aberto a Jornalistas Norte-americanos de Ciências (e outros)", no valor de cem mil dólares, para indicar qualquer artigo publicado em uma revista científica revisado por pares e indexada no PubMed "demonstrando que [o Conservante] thimerosal é seguro nas quantidades contidas nas vacinas que atualmente são administradas a crianças americanas e mulheres grávidas".

Muitos ativistas antivacina fazem a afirmação amplamente desmentida de que há uma ligação entre o thimerosal, uma forma de mercúrio usada para impedir a contaminação bacteriana e fúngica de algumas vacinas, e o autismo. Os ativistas também acusam a substância thimerosal de ser responsável por outros distúrbios neurológicos.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças observam que numerosos estudos concluíram que o timerosal não é perigoso nas pequenas quantidades encontradas em algumas vacinas contra a gripe e em uma formulação de cada uma das vacinas contra o meningococo e o tétano. Especialistas em saúde pública observam ainda que, embora as pessoas raramente tenham reações às vacinas, seus benefícios em termos de vidas salvas e doenças evitadas superaram em muito os riscos. Cada ano nos Estados Unidos mais de 200.000 pessoas são hospitalizadas e entre 3.000 e 49.000 mortes ocorrem de complicações relacionadas com a gripe. Não está claro se algum estudo científico poderia provar definitivamente que qualquer aditivo de vacina é sempre seguro para todas as pessoas.

http://www.sciencemag.org/news/2017/02/robert-f-kennedy-jr-says-vaccine-safety-commission-still-works

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