segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Doutores da quelação, uma turma criativa e maleável

Heavy Metals Inc.

| David Whelan | Forbes de 18/1/2010 | 31/12/09 |


Ronald Stemp

Há dois anos, Ronald Stemp, um encanador de Georgetown, Texas, começou a apresentar estranhos sintomas, incluindo esquecimento, problemas com a concentração e ataques de depressão. Sua esposa ficou preocupada que ele tivesse se exposto a toxinas no trabalho. Na internet, ela achou um lugar em Autin chamado Care Clinics que afirmava tratar de envenenamento por metais pesados.

A equipe do lugar realizou um "teste" para analisar se a urina de Stemp era positiva para metais pesados. Durante a visita seguinte, o encanador se consultou com a proprietária da clínica, Kazuko Curtin. Apesar de não ser médica ou enfermeira, ela usava um jaleco branco e lhe disse que, sem dúvida, ele sofria de envenenamento por chumbo e mercúrio. Também disse que Stemp, então com 41 anos, tinha mal de Alzheimer.

Sua prescrição: 18 meses de quelação para remover as toxinas. Duas a quatro vezes por semana, Stemp ficou quatro horas ligado a uma bolsa de soro a lhe injetar uma substância quelante que o deixava confuso e nauseado. Ele não conseguiu mais trabalhar.

-"Eu tinha desistido da vida e da família. Estava letárgico e tonto" - recorda. Ele gastou US$ 180 mil ao longo de dez meses antes de desistir, frustrado, um ano atrás. Agora, Stemp processa a Care Clinics e sua equipe por fraude. Eles negam as acusações.

Quelação é um cura-tudo, uma panacéia sem comprovação que nunca vai desaparecer. Desenvolvida para remover arsênico dos soldados contaminados por gases tóxicos durante a I Guerra Mundial, o método é usado na medicina oficial em raros casos de envenenamento agudo por metais pesados. Mas um renegado grupo de médicos a usam para um amplo espectro de doenças - tudo, desde problemas cardíacos a perda de memória - apesar das poucas evidências de sua eficácia e dos perigosos efeitos colaterais possíveis. Eles argumentam que remover pequenas quantidades de metais curará os sintomas.

Através dos anos, a quelação sempre volta. O mais novo grupo de ingênuos a ser alvo dos vendedores da quelação são os pais de crianças autistas. Alguns estão convencidos de que o autismo é causado por mercúrio nas vacinas, apesar de muitos estudos afirmarem o contrário. Centenas de médicos oferecem quelação no mercado do autismo, muitos deles certificados por um grupo empresarial chamado American College for Advancement in Medicine (Colégio Americano para o Progresso da Medicina). Um compromisso de cessação, assinado pelo grupo em 1998 com a Federal Trade Commission (Comissão Federal de Comércio), no qual se comprometia a parar com suas alegações sobre a segurança e efetividade da quelação evidentemente não se pôs no caminho desses médicos.

A quelação pode ser lucrativa. um tratamento envolve 40 sessões que custam 125 dólares cada, geralmente pagas em dinheiro. Vários testes associados podem elevar o custo do tratamento acima dos dez mil dólares. Nacionalmente, o mercado da quelação "pode ter algo em torno de cem milhões de dólares", estima Stephen Barrett, um psiquiatra aposentado que atua no site de denúncias QuackWatch.org.

Heavy Metals Inc.
David Whelan, 12.31.09, 04:30 PM EST
Forbes Magazine dated January 18, 2010
Doctors pushing chelation therapy are a creative, resilient bunch.


Two years ago Ronald Stemp, a plumber from Georgetown, Tex., started having strange symptoms, including forgetfulness, problems concentrating and bouts of depression. His wife became worried that he had been exposed to toxins at work. On the Web she found a place in Austin called Care Clinics that claimed to treat heavy metal poisoning.

The staff there performed a "challenge test" to see if Stemp's urine was positive for heavy metals. During his next visit Stemp consulted with clinic owner Kazuko Curtin. Though not a doctor or a nurse, she wore a white coat and told him that he was indeed suffering from lead and mercury poisoning. She also told Stemp, then 41, that he had Alzheimer's.

Her prescription: 18 months of chelation to remove the toxins. Two to four times a week, Stemp spent four hours hooked to an IV that transfused a chelating chemical. It made him confused and nauseated. He could no longer work. "I was withdrawn from life and family. I was lethargic and dizzy," he recalls. He was billed $180,000 over ten months before he quit a year ago in frustration. He's now suing Care Clinics and its staff for fraud. They deny the allegations.

Chelation is the unproven cure-all that will never die. Developed to remove arsenic from soldiers gassed during World War I, the method is used in mainstream medicine for rare cases of acute heavy metal poisoning. But a renegade group of doctors use it for a far broader range of ills--everything from heart disease to memory impairment--despite scant evidence it works and potentially dangerous side effects. They claim that removing small amounts of metal will resolve the symptoms.

Over the years chelation has been repackaged over and over again. The latest round of easy marks for chelation vendors are parents of children with autism. Some parents are convinced autism is caused by mercury in vaccines, despite many studies to the contrary. Several hundred doctors offer chelation in the autism market, many of them certified by a trade group called the American College for Advancement in Medicine. A 1998 consent decree the group signed with the Federal Trade Commission, in which it agreed to stop making claims about chelation's safety and effectiveness, evidently doesn't get in the doctors' way.

Chelation can be lucrative. A treatment might involve 40 sessions that cost $125 each, usually paid in cash. Various ancillary tests can push the tab above $10,000. Nationally, the chelation market "could be $100 million a year in total billings," estimates Stephen Barrett, a retired psychiatrist who operates QuackWatch.org.
Doctors pushing chelation therapy are a creative, resilient bunch
http://www.forbes.com/forbes/2010/0118/health-medicine-chelation-therapy-heavy-metals-inc.html

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