terça-feira, 1 de abril de 2014

Nepal: autismo e educação

Cada aluno deve ter um plano educacional individualizado, e só um esforço conjunto de pais e professores podem ajudar as crianças autistas a aprender

| Rajneesh BHANDARI | 01/04/2014 | eKantipur |

Kastup Lamsal, de quatorze anos, é uma criança autista. Ele fica distante, não se comunica com as outras crianças e às vezes é hiperativo.

Sua mãe Rachana, 43, enfermeira de profissão, achou que seu segundo filho era diferente quando ele não pronunciou "ama " e "buba", enquanto outras crianças na sua idade o faziam. Ela o levou a um hospital, mas os médicos não conseguiram diagnosticar o autismo. Os médicos consultados disseram que o problema de Kastup não era significativo, era um atraso na fala.

Ela o levou a várias escolas, mas alguns dias após a matrícula, as escolas o recusavam, ao perceber que ele era diferente. "No começo, o admitiam, mas quando viam que ele era um pouco diferente dos outros, nos pediam para tirá-lo da escola", diz ela. "Foram os momentos mais dolorosos da minha vida", disse ela.

A história de Rachana se assemelha à de muitos pais de filhos autistas. Eles não têm escolha quanto às escolas que não aceitam crianças autistas. Uma vez que o autismo é um distúrbio neurológico e é tratável, pais como Rachana querem que o governo ouça seus apelos e crie um ambiente de aprendizagem para seus filhos, para que possam viver de forma independente.

Não há dados oficiais sobre quantas crianças no Nepal são autistas. Autism Care Nepal, uma organização que trabalha pelos direitos de crianças autistas dirigida por seus pais, estima que há cerca de 300.000 pessoas autistas vivendo no Nepal.

A Dra. Sunita Maleku Amatya, presidente da Autism Care Nepal, salienta a necessidade de educação especial para estas crianças. Sunita, cuja filha de oito anos Kreet Amatya é autista, é anestesista.

- "Após o diagnóstico, o maior desafio para os pais de autistas é educar os filhos", explica Sunita. "O governo deveria garantir o direito à educação para essas crianças."

Ela sugere que o governo lance programas de educação especial para crianças autistas. "O Nepal tem a meta da educação para todos até 2015, e as crianças autistas não devem ser deixadas de fora", ela diz. "A educação é um direito básico também para elas."

Educar crianças autistas exigiria planos educacionais especiais. Elas precisam de uma equipe multidisciplinar composta de arteterapeutas, musicoterapeutas, terapeutas ocupacionais e outros professores treinados.

O pai de Kastup, KP Lamsal, de 47 anos, diz: "Deveria haver escolas e professores especiais que cuidassem de nossos filhos. As provas deveriam ser feitas com base em suas qualidades." Cada aluno deve ter um plano educacional individualizado e só um esforço conjunto de professores e pais pode ajudar crianças autistas a aprender e evoluir.

Kedar Gandhari, 33, um musicoterapeuta clínico sênior de crianças autistas, diz que as terapias ajudam crianças autistas a se socializar. "Tenho visto crianças autistas aprender muito com os tratamentos", ele conta, acrescentando que crianças com autismo leve vão aprender rápido, enquanto que aqueles com autismo severo vão levar mais tempo; cada criança autista tem uma diferente velocidade de aprendizagem.

Autism Care Nepal, que também mantém uma creche para crianças autistas, está tomando iniciativas para sensibilizar a nível político, de foram que o governo não classifique o autismo como uma deficiência intelectual.

"A primeira coisa que precisamos entender é que pessoas com autismo podem ser excepcionalmente talentosas, por isso o governo não deveria classificar o autismo como deficiência intelectual. Deve ser considerado em separado", disse Sunita. Embora o nível de conscientização sobre o autismo esteja aumentando na Capital, as coisas eram muito diferentes há 10 anos. Foi o Dr. Arun Kunwar, um psiquiatria da infância, que diagnosticou Kastup como autista. O menino já tinha sete anos quando foi diagnosticado.

Os pais de crianças autistas são obrigadod a enfrentar um novo desafio a cada etapa da vida. "Minha preocupação agora é quem vai cuidar de nossos filhos quando morrer", Rachana, olhando para seu filho Kastup, diz. "Se houver um centro de atendimento de autismo que possa cuidar do meu filho quando ele crescer, eu poderei morrer em paz."

Autism and education
http://www.ekantipur.com/2014/04/01/development/autism-and-education/387576.html

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