Pesquisa publicada na revista Nature concluiu que o haloperidol reduz temporariamente o tamaho de uma região do cérebro responsável pelo controle do movimento e da coordenação, causando efeitos colaterais como tremores, babação e a síndrome da perna inquieta (restless leg syndrome).
Apenas duas horas depois de receber uma injeção do medicamento, voluntários saudáveis experimentaram prejuízos nas suas habilidades motoras que coincidiram com uma diminuição no volume da matéria cinzenta do corpo estriado (striatum).
Clare Parish, do Howard Florey Institute, afirmou ser estarrecedor constatar que houve um remodelamento do corpo estriado em tão curto período. E acrescentou: "nosso ponto de vista é que apenas mudanças químicas aconteceriam em tão curto período de tempo".
Com imageamento de ressonância magnética funcional (fMRI) os autores observaram a diminuição do corpo estriado dos voluntários e mudanças na estrutura do circuito motor de seus cérebros. Além disso, seu tempo de reação em um teste de computador feito depois do tratamento caiu, indicando o começo dos lapsos no controle motor que afeta muitos pacientes sob efeito de antipsicóticos.
O haloperidol tem vários efeitos colaterais, mas muitos são menores e diminuem com algumas semanas do tratamento começado. Com poucas alternativas melhors, os psiquiatras têm prescirto a droga por mais de 40 anos para tratar pessoas com alucinações, delírios, ilusões e hiperatividade.
O haloperidol, como muitos antipsicóticos, bloqueia o receptor D2, que é sensível à dopamina. A droga deprime a elevada atividade dopaminérgica que se acredita ser subjacente à psicose. Esses receptores são abundantes no corpo estriado, onde sua atividade regula a expressão dos genes.
Andreas Meyer-Lindenberg, professor de psiquiatria e psicoterapia da Universidade de Heidelberg, Alemanha, diz que esta é a mais rápida mudança no volume do cérebro já vista: "Outros estudos mostraram que outras regiões do cérebro mudam de volume em alguns dias, mas este ocorre em duas horas, e na metade do tempo ele salta para o volume anterior".
Com um dia, o cérebro dos voluntários volta quase até o volume original, após passado o efeito da droga o que, para Meyer-Lindenberg, reduz o receio de que haja destruição de neurônios: "Sabemos que não está matando os neurônios, porque o cérebro volta ao tamanho original", ele diz.
A equipe sugere que o haloperidol reduza o tamanho das sinapses. Meyer-Lindenberg especula que a mudança seja mediada pela proteína BDNF, nevolvida no crescimento das sinapses e que diminui em resposta ao tratamento com o antipsicótico em ratos.
Para Shitij Kapur, do Instituto de Psiquiatria do King's College de Londres, isso causará preocupações a algumas pessoas, mas as contrapõe lembrando que as mudanças parecem ser reversíveis e que a dose usada no experimento é maior que a usualmente receitada aos pacientes.
As descobertas também dão pistas do porquê pessoas com transtorno bipolar têm reduzida sua massa cinzenta em partes do cérebro depois de alterações maníacas do humor. Andrew McIntoshm da Universidade de Edinburgh diz que a conexão entre as variações de tamanho do cérebro e de um antipsicótico e a redução de massa cinzenta que ovservaram em pacientes esquizofrênicos e bipolares ainda é "um pouco incerta, mas este artigo definitivamente faz o tema merecer investigação".
Antipsychotic deflates the brain
http://www.nature.com/news/2010/100606/full/news.2010.281.htmlRespeite nosso trabalho. Se for copiar algum texto, cite-o como sua fonte e coloque um link para o Crônica Autista: http://cronicaautista.blogspot.com/