Poderiam pessoas autistas tomar uma pílula para melhorar suas habilidades sociais? Pela primeira vez, estão sendo testadas drogas que poderão tratar as dificuldades sociais associadas ao autismo e outras desordens de aprendizado ao otimizar alguns processos químicos do cérebro ao invés de amortecê-los.
A única medicação prescrita para pessoas autistas parece deprimir a agressividade e a ansiedade. As novas drogas, ainda num estágio inicial de testes clínicos, tratam alguns dos principais sintomas clássicos do autismo.
“As pessoas podem aprender mais, falar melhor, adquirir habilidades sociais e ser mais comunicativas”, diz Randall Carpenter, da Seaside Therapeutics, em Cambridge, Massachussets, onde uma das drogas está sendo testada.
Geraldine Dawson, chefe do Escritório de Ciências da associação Autism Speaks e psiquiatra da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, está igualmente entusiasmada com a perspectiva de uma nova classe de medicamentos. “Pela primeira vez estamos vendo drogas que podem melhorar sintomas principais do autismo”, ela comemora.
A pesquisa do Seaside é focalizada em uma desordem de aprendizado chamada de síndrome do X-frágil, que é associada ao autismo. Pessoas com essa síndrome têm uma mutação em um gene envolvido com o reforço das conexões cerebrais associadas a experiências memoráveis. Com conexões cerebrais mais fortes, as pessoas podem distinguir esses eventos dos ruídos de fundo, fazendo disso um processo chave na aprendizagem.
Carpenter e seus colegas estão testando uma droga chamada arbaclofen, que parece reverter os efeitos da mutação. No Encontro Internacional para Pesquisa do Autismo, em Filadélfia, Pensilvânia, em 23 de maio de 2010, apresentaram resultados iniciais, sugerindo que a droga pode melhorar as habilidades sociais de pessoas com X-frágil e autismo, incluindo melhoras na comunicação e na sociabilidade em geral, e menos impulsos.
A pesquisa do Seaside não é a única tentativa de alterar a química do cérebro de pessoas autistas. O hormônio oxitocina, também conhecido como a substância do amor, ao dar sensações de prazer, nos ajuda a termos contatos sociais, sendo que algumas pessoas autistas produzem menos dele. Muitas equipes estão buscando aumentar a oxitocina para diminuir os sintomas do autismo.
No Encontro em Filadélfia, uma equipe chefiada por Evodokia Anagnostou, uma neuropediatra do Instituto de Pesquisa Bloorview, em Toronto, Canadá, relatou que pessoas às quais foi dado o hormônio duas vezes por dia durante seis semanas foram melhores no reconhecimento de emoções e no funcionamento social e tiveram melhor qualidade de vida que aquelas que receberam placebo.
Tentar alterar a química cerebral priorizando os comportamentos autistas nunca tinha sido tentado desta forma, comenta Uta Frith do University College de Londres. “Se eles conseguirem, será maravilhoso”. Mas ela explica que nenhuma droga mostrou que trabalhava melhor que a intervenção comportamental e que muitas causas do autismo permanecem profundamente misteriosas.
Carpenter pontua que as intervenções comportamentais não funcionam para todos e que ambas as abordagens podem ser úteis. Se este tratamento se consolidar, os pais vão abraçá-la.
Drug could get into the autistic mind
| New Scientist | 29 maio 2010 | Tradução Argemiro Garcia |
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Um comentário:
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