terça-feira, 22 de março de 2011

Proteína do cérebro pode explicar o autismo

| BBC News | 20/3/2011 |

(Enviada para a Comunidade Virtual Autismo no Brasil por Mônica Accioly)

Cientistas da Universidade Duke, na Carolina do Norte, mostraram como uma única proteína pós-sináptica pode desencadear transtornos do espectro autista, interrompendo a comunicação eficaz entre as células cerebrais.


A equipe criou ratos "autistas" através da mutação do gene que controla a produção dessa proteína, Shank3. Os animais apresentaram problemas sociais e comportamento repetitivo - ambos sinais clássicos de autismo e condições relacionadas.

O estudo da Nature traz a esperança de um primeiro tratamento efetivo com medicamentos.

O autismo é uma desordem que, em graus variados, afeta a habilidade das crianças e dos adultos para se comunicar e interagir socialmente.

Enquanto centenas de genes ligados à condição têm sido encontrados, a combinação precisa de genética, bioquímica e outros fatores ambientais que produzem o autismo ainda é incerta.

Cada paciente tem apenas uma, ou um punhado, dessas mutações, tornando-se difícil o desenvolvimento de drogas para tratar a desordem.

A Shank3 é encontrada nas sinapses - as conexões entre os neurônios que lhes permitem comunicar-se uns com os outros.

Os pesquisadores criaram camundongos que tinham uma forma mutante do Shank3, e descobriram que esses animais evitavam interações sociais com outros ratos.

Eles também trabalham nos comportamentos repetitivo e autoagressivo.

Circuitos cerebrais

Quando a equipe do MIT analisou os cérebros dos animais, encontrou defeitos nos circuitos que ligam duas áreas diferentes do cérebro, o córtex e o estriado.

Acredita-se que conexões saudáveis entre essas áreas seriam a chave para a eficácia da regulação dos comportamentos sociais e da interação social.

Os pesquisadores dizem que seu trabalho reforça apenas o importante papel que a Shank3 desempenha na criação de circuitos no cérebro que embasam todos os nossos comportamentos.

O pesquisador chefe, Guoping Feng disse:

-"Nosso estudo demonstrou que a Shank3 mutante em camundongos leva a defeitos na comunicação neurônio-neurônio." E continuou:

-"Estes resultados e o modelo de rato agora nos permitem descobrir com precisão defeitos no circuito neural responsável por estes comportamentos anormais, o que poderia levar a novas estratégias e metas para o desenvolvimento do tratamento."

Acredita-se que apenas uma pequena percentagem de pessoas com autismo apresentam mutações da Shank3, mas o Dr. Feng acredita que muitos outros casos podem estar ligados às perturbações em outras proteínas que controlam a função sináptica.

Se for verdade, ele acredita que será possível desenvolver tratamentos que restaurem essa função, independentemente de a proteína ser defeituosa em um indivíduo específico.

Carol Povey, diretora do Centro para Autismo da National Autistic Society, considerou que:

-"As pesquisas com animais podem ajudar a avançar nosso entendimento ou o papel da genética e sua influência no comportamento. No entanto, são apenas uma pequena parte do quadro, quando se trata de compreensão do autismo. Cérebros humanos são muito mais complexos do que os de outros mamíferos, e acredita-se que uma variedade de fatores são responsáveis pelo desenvolvimento da condição (autista)".

Protein found in brain cells may be key to autism
http://www.bbc.co.uk/news/health-12759587


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Um comentário:

Unknown disse...

É reconfortante ver como nos últimos três anos, têm havido diversos avanços promissores em pesquisas sobre o autismo. Espero que em breve resultem em drogas eficazes para esta patologia, e não mais precisemos entupir nossas crianças com neurolépticos.