Gene que interage com hormônios pode explicar a diferença entre os sexos no autismo
| Janelle Weaver | 19 jul 2011 | Scientific American |
Autismo, um transtorno do desenvolvimento que causa déficits no comportamento social e na comunicação, afeta quatro vezes mais meninos do que meninas. Devido a esse desequilíbrio extremo de gênero, alguns cientistas postulam que os hormônios sexuais podem contribuir para a doença. Agora, pesquisadores identificaram pela primeira vez um gene que pode ajudar a explicar a discrepância de gênero e fundamentar alguns sintomas do autismo comum.
Em 2010, a bióloga Valerie Hu e seus colegas do Centro Médico da George Washington University descobriram que os cérebros de pessoas com autismo têm baixos níveis de uma proteína produzida por um gene chamado receptor-alfa órfão relacionado ao ácido retinóico (RORA). Agora, em um estudo publicado na PLoS ONE de 16 de fevereiro, relataram que esse gene interage com certos tipos de estrogênio e testosterona encontrada no cérebro.
Hu e sua equipe analisaram células neurais em laboratório. Eles descobriram que o RORA controla a produção de uma enzima chamada aromatase, que converte a testosterona em estrogênio. Mas em seus testes, a presença de testosterona fez com que o RORA ficasse menos ativo, levando a um declínio na aromatase e um acúmulo maior de testosterona. O estrogênio teve o efeito oposto. Em um cérebro normal, o equilíbrio dos hormônios sexuais regula a atividade do RORA e mantém os níveis hormonais constantes, mas qualquer desequilíbrio pode ser exacerbado por este loop.
Em seguida, os pesquisadores confirmaram que o tecido cerebral dos doadores que tiveram autismo de fato contém baixas quantidades da proteína do RORA e da aromatase. Os autores sugerem que uma deficiência nessas moléculas faz com que o ciclo químico entre num loop espiral fora de controle, resultando em um acúmulo de testosterona, que poderia causar autismo. Na maioria das mulheres, níveis mais altos de estrogênio poderiam protegê-las da desordem.
Além da influência do gênero, o RORA poderia estar envolvido nas anormalidades de rotina que caracterizam o autismo. Por exemplo, os ratos que não possuem este gene fixam-se em objetos e mostram comportamento exploratório limitado, similar a indivíduos com autismo. "Não acho que um gene sozinho vai explicar todas as patologias associadas ao autismo, mas RORA deixa de explicar bem pouco deles", diz Hu.
Why Autism Strikes More Boys Than Girls
http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=why-autism-strikes-more-boys-than-girls
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