terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Neurolépticos e Autismo

| Dr. Joaquin Diaz Atienza | blog Paidopsiquiatria | 29/11/2011 |

Não me caracterizo por defender até à morte a prescrição de psicofármacos na idade infanto-juvenil. Diria exatamente o oposto. No entanto, há situações graves em que as crianças se autolesionam ou agridem outras pessoas, comprometendo seriamente sua sociabilidade, adaptação à escola e a qualidade de vida para a família.

Por outro lado, a grande maioria das drogas psicoativas não têm indicação expressa na infância como uma conseqüência de que não é um mercado atraente para os laboratórios e, assim, não há pesquisas para essa faixa etária. Esta circunstância obriga a nós, médicos que, em casos extremos, tenhamos de fazer uma prescrição compassiva, assumindo a responsabilidade pelos feitos secundários que possam ocorrer.

sinto-me profundamente comprometido com a racionalização dos gastos com medicamentos como se pode perceber do fato de ser um dos dois primeiros médicos que mais receitam genéricos na minha área de Saúde Mental. Ao mesmo tempo, busco prescrever o medicamento que possua maior eficiência. Ou seja, o menor preço, com o melhor efeito terapêutico e menos efeitos colaterais.

Nos últimos anos, vimos trocando os neurolépticos clássicos pelos de nova geração, ou atípicos, devido à sua melhor tolerabilidade e efeito terapêutico. Os mais usados em pediatria são a risperidona e a olanzapina. No entanto, não estão livres de efeitos secundários significativos. Por exemplo, a síndrome metabólica, que geralmente se apresenta com os subsequentes ganho de peso e resistência à insulina. Neste sentido, tem maior risco a olanzapina e, em segundo lugar, a risperidona. Esta última produz, ainda, aumento da prolactina com a consequente galactorreia.

Os neurolépticos atípicos precisam de um visto na Andaluzia. O visto responde exclusivamente à necessidade de controlar os gastos com medicamentos, ainda que até agora sempre se tenha respeitado a prescrição médica, se for suficientemente justificada.

Ultimamente, frente aos efeitos secundários descritos ou, especialmente, nos casos em que não têm efeito terapêutico, se está precrevendo alternativamente o aripiprazol, com bons resultados em casos de agressão nos TGD e nos transtornos de conduta. Da mesma forma, o ganho de peso e a prolactina são significativamente mais baixos do que com a olanzapina e risperidona. Considerando que estamos falando de tratamentos de longo prazo, a prevenção de obesidade, síndrome metabólica e diabete é evidente.

E agora a notícia: Algumas áreas hospitalares e distritos de saúde da Almería estão se recusando a aceitar o visto. Dizem aos pais que, uma vez que não é experimentada para determinadas idades, será uma comissão em Sevilha que decidirá. No entanto, isso é incompreensível e incerto, já que praticamente todos os neurolépticos atípicos, não têm essa indicação. Acontece que não há dinheiro na Andaluzia para os remédios - deveriam dizer aos pais: A mentira tem pernas muito curtas.

NEUROLÉPTICOS Y AUTISMO: UNA EXTENSA INTRODUCCIÓN PARA UNA REDUCIDA NOTICIA
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