Alexandre Lopes, que tem 43 anos, já foi comissário de bordo da PanAir, de onde saiu em um programa de demissão voluntária, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Acabou por se dedicar ao ensino, retomando um velho desejo de infância. Sua ideia era se tornar um professor de línguas estrangeiras, mas uma conselheira vocacional sugeriu que fizesse, além do curso de educação, um curso introdutório em educação especial na primeira infância.
Alex Lopes com um de seus "aluninhos", na pré-escola Carol City Elementary. Foto: Carla Guarilha. |
Além do trabalho na pré-escola, Lopes faz doutorado na Universidade Internacional da Flórida, onde também estuda com bolsa integral, e o Projeto Rise, uma iniciativa federal que estimula a formação continuada de professores de escolas com população carente no país.
O processo da premiação começou com uma votação entre os colegas da escola em que trabalha, no condado de Miami-Dale, que tem cerca de 25 mil docentes. Preparou então um material com dezenas de páginas, explicando sua filosofia educacional, motivações e método de ensino.
Alexandre conduz o que é chamado de LEAP (Learning Experience: Alternative Program - Experiência de Aprendizado: Programa Alternativo). Leciona para dois grupos de doze e treze crianças com idades de três a cinco anos, a idade pré-escolar nos Estados Unidos. Parte dos alunos é autista e, como a Carol City Elementary fica em uma região de baixo poder aquisitivo, a maioria dos estudantes pertence a minorias dentro da sociedade americana. Alguns ainda são filhos de imigrantes e não têm o inglês como idioma nativo.
-"É uma inclusão total e irrestrita, da maneira que eu gosto, com alunos deficientes, imigrantes, minorias... Como eu acho que a sociedade deveria ser", conta. Ele diz que sua abordagem é "holística" e afirma que se envolve em todos os aspectos da vida de seus "aluninhos", tanto na parte acadêmica quanto emocional e social. Isso significa incluir todos os membros mais próximos da família no processo escolar, muitos deles ainda vivendo o luto do diagnóstico de autismo.
Aceitando a diversidade
Na sua sala de aula, todos são iguais:
O brasileiro Alexandre Lopes, melhor professor da Flórida, dá aula para seus alunos com igualdade e inclusão. Foto: Carla Guarilha. |
Entre os equipamentos está uma tela que reproduz, ao toque de um botão, mensagens pré-gravadas na voz dele ou de um estudante. O instrumento é usado pelos alunos autistas para que eles possam comunicar o reconhecimento dos símbolos, um processo que, segundo Lopes, acontece nestas crianças de maneira diferente das demais.
Para aprender a construir palavras, os aluninhos usam blocos de madeira que representam cada letra e os unem e separam para formar sílabas, sempre atentos aos sons das palavras para compreender a relação entre as rimas e a formação das palavras com grafia parecida. "Isso serve para tirar a palavra do abstrato e torná-la uma coisa concreta, o que é muito importante para crianças com deficiência", explica.
Alexandre também digitaliza as páginas de livros, ocultando as frases escritas para reescrever a história a partir das imagens de forma coletva e, assim, conseguir tirar das crianças a linguagem construída durante as demais atividades.
-"Eu tive uma vida muito feliz, de muitas alegrias. Mas as alegrias que eu encontro com o sucesso dos meus alunos não se comparam com nada que eu já experimentei", comemorou Alex, que tem grande admiração pelos pais de alunos com deficiência. "Essas crianças são filhas desses indivíduos, mas elas também são parte da nossa sociedade, é injusto que deixemos esses pais sozinhos com o grande desafio que enfrentam."
Alberto Carvalho, superintendente do condado de Miami-Dale, disse que "o tema da competição desta noite era mágica e Alex estava definitivamente um passo à frente. Ele faz mágica na sua sala de aula todos os dias, compartilhando suas maravilhosas habilidades com crianças com deficiência que se beneficiam da mágica que ele lhes traz".
Assista ao vídeo de Chris Delboni, feito em março de 2012, quando Alex recebu o prêmio de melhor professor do condado, clicando no link abaixo:
Alexandre Lopes, brasileiro radicado em Miami, é escolhido melhor professor do ano de todo condado de Miami-Dade
Com base em artigos publicados no jornal Olhar Direito, no blog Direto de Miami e no Miami Herald:Brasileiro concorre ao prêmio de melhor professor dos EUA
http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Brasileiro_concorre_ao_premio_de_melhor_professor_dos_EUA&edt=29&id=269491
Brasileiro é escolhido melhor professor do ano de todo condado de Miami-Dale
http://colunistas.ig.com.br/diretodemiami/2012/03/20/brasileiro-e-escolhido-melhor-professor-do-ano-de-todo-condado-de-miami-dade/
Carol City special needs teacher is Florida Teacher of the Year
http://www.miamiherald.com/2012/07/12/2893348/carol-city-special-needs-teacher.html
Respeite este trabalho. Se for republicar algum texto, cite-nos como sua fonte e coloque um link: http://cronicaautista.blogspot.com/
Um comentário:
Acabo de tomar conhecimento do magnífico trabalho desenvolvido por Alexandre Lopes, brasileiro radicado em Miami, com alunos autistas. Só tenho a parabenizá-lo e rogar aos Benfeitores Espirituais que continuem a inspirá-lo nesse grandioso trabalho. Estou muito feliz pelo devotamento à causa dos autistas.
Fraternalmente, Claudio Ribeiro, de Casimiro de Abreu, RJ.
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