sábado, 26 de novembro de 2011

Novela da globo confunde lenda com autismo

Após anos insistindo com as emissoras de televisão para conseguir espaço e esclarecer a população a respeito das dificuldades e desafios que as pessoas autistas e seus familiares enfrentam, a notícia caiu como uma bomba entre pais e parentes da gente autista: a Globo, em sua próxima novela das seis, terá com0o personagem uma criança índigo - o que já está sendo divulgada como sendo marketing social a respeito do autismo.

As crianças índigo são uma lenda pós-moderna que associa um monte de referências da cultura pop nos seus aspectos mais místicos, afirmando que, na Era de Aquarius estariam encarnando pessoas de espírito superior, com dificuldades de se relacionarem - são assim chamadas porque apresentam aura azul e que teriam a missão de conduzir a Humanidade para uma Nova Era. Essa história está muito presente na internet, havendo sites e spams que afirmam que crianças autistas teriam poderes paranormais. Há, inclusive, um filme, Filha da Luz (Bless the child), significativamente lançado no ano 2000, que apresenta uma menina autista de espírito superior perseguida por uma seita maligna.

Essa notícia causa preocupação e consternação, pois servirá apenas para jogar mais desinformação para o público. Se a Globo quer escrever uma história com crianças índigo, que o faça, mas que não misture esse assunto com o autismo, uma questão real que afeta a vida de milhões de pessoas no mundo todo e que necessita de toda a ajuda possível.

De acordo com Fernando Oliveira, colunista do ig, 'Marajó', a próxima novela das seis, discutirá o autismo, e a atriz mirim Klara Castanho terá poderes paranormais em 'Marajó', próxima trama das seis na Globo. O que mais incomoda é que o jornalista afirma que o autismo será o próximo merchandising social da emissora. E detalha: "algumas das chamadas crianças-índigo, que (...) têm sensibilidade aflorada e até mesmo poderes paranormais, inicialmente são diagnosticadas como autistas ou portadoras da síndrome de Asperger. Ou sejam: têm comportamento um tanto introspectivo, mas também possuem habilidades como uma memória acima da média. É exatamente o que ocorrerá com a personagem que a pequena Klara Castanho viverá. Inicialmente, seu “dom” não será compreendido, até que ela passa a receber ajuda da jornalista Mariana, papel que caberá a Letícia Persiles."

Respeite este trabalho. Se for republicar algum texto, cite-nos como sua fonte e coloque um link: http://cronicaautista.blogspot.com/

4 comentários:

Ana Parreira disse...

Matéria muito bem feita.

Luana disse...

É um absurdo nossas necessidades reais serem colocadas de maneira mística diante de um público em sua maioria ignorante a respeito da causa autista. Os intempéries e os prazeres de ter uma criança autista em casa não correspondem a uma lenda urbana que traz um ser paranormal como representante. Respeito os que nisso acreditam, mas nossa realidade é bem diferente e ainda deve ter papel principal para o reconhecimento da nossa luta!

o mundo de Felipe disse...

Até aceito e respeito que tratem e discutam o tema índigo! Mas não posso concordar com a semelhança inventada, criada com o autismo!Autismo é muito sério para ser tratado de qualquer forma!

Priscilla disse...

Não posso crer. Não sentem compaixão pelos autistas? Não conseguem imaginar o tamanho do preconceito que terão que enfrentar, além de suas lutas diárias para tentar superar as dificuldades para relacionamentos? Esse tema precisa ser tratado com honestidade, com rigor científico, afim de esclarecer à população e prepará-la para recebê-los sem temor, prepará-la para ajudá-los e ajudar a família de cada um, que já se doa tanto por cada pessoa especial.
Nós já os percebemos especiais, não precisamos que os atribuam dons sobrenaturais, que eles não possuem, para assim classificá-los. Por favor, divulgem isso, protestem, não permitamos que seja feito esse desserviço à população!!!